postado em 11/09/2015 06:01
A porta do Centro de Atendimento Integrado a Crianças e Adolescentes, na 307 Sul, fica aberta, mesmo que o local não esteja em funcionamento. O prédio público, reformado no ano passado e que nunca chegou a atender a população, deveria servir para cuidar de menores de 18 anos, mas se tornou a casa dos usuários de crack da região. No interior, o mau cheiro se mistura a latinhas queimadas pelo uso da droga. ;Havia um vigia, mas ele deixou de trabalhar desde o começo do ano. Tentamos conversar com vários órgãos, mas ninguém parece saber quem é o responsável por aqui;, reclama Ricardo Williams, vice-prefeito da quadra.
Apesar de a presença de moradores de rua ser frequente na área localizada próxima à Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, o abandono de um edifício governamental chama a atenção. ;Um imóvel público virou ponto de apoio aos usuários de crack. Eles gastaram uma fortuna para reformar e, além de deixar desocupado, não fazem qualquer fiscalização;, queixa-se o prefeito da 308 Sul, Edinho Magalhães.
Oficialmente responsável pelo local, a Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude afirma que, hoje, uma equipe será destacada para isolá-lo. De acordo com a assessoria de Comunicação, um projeto está em estudo visando à instalação de um Centro de Atendimento às Crianças Vítimas de Violência Sexual. Uma nova reforma será feita, mas ainda não foi mensurado o gasto necessário. Esse valor será definido após reuniões com a Administração Regional de Brasília e a Prefeitura da 307 Sul, nas quais serão discutidos os impactos urbanísticos e sociais da reestruturação. A Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social informou que o 1; Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento na Asa Sul, colocou mais 65 homens nas ruas como reforço de rondas ostensivas.
Abordagem
Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social informou que uma equipe do órgão fez uma visita ao local e identificou que os usuários não aceitaram qualquer tipo de encaminhamento. ;O grupo que permanece no local é composto por guardadores e lavadores de carro e parte faz uso de álcool e crack. Em visita realizada em agosto de 2015, foram encontrados cinco homens, além de colchões e outros pertences que configuraram sinais de que eles utilizam o local para dormir. As ações de abordagem a esse grupo serão continuadas, buscando a tentativa de reintegração e vinculação delas aos serviços ofertados pela Secretaria;, conclui.
O receio da população é de que o aumento de usuários de drogas na quadra possa causar um aumento na violência. O jornaleiro Auricélio Pereira da Silva disse que a banca dele sofreu três assaltos. Além disso, o dono anterior foi assassinado no local. ;Não posso garantir que as pessoas que roubaram a banca faziam uso de crack, mas as drogas fazem crescer a insegurança.; Funcionária de um posto de gasolina que fica vizinho ao centro, Fabiana dos Santos afirma que é possível ver os usuários entrando e saindo do prédio em vários momentos do dia. ;Eles não perturbam a gente aqui, mas eu fico com medo. Não sei o que uma pessoa que está usando crack é capaz de fazer;, lamenta.