Cidades

Vitórias, alegrias, crises e tristezas marcam a rotina do Hospital de Base

Se a burocracia e a falta de dinheiro e pessoal atravancam o dia a dia do centro, a força de vontade, a humanização e a competência médica fazem a diferença

Otávio Augusto
postado em 13/09/2015 07:04
Hospital de Base é respeitado em diversas áreas médicas
O barulho da ambulância. As portas se abrem e os bombeiros retiram um acidentado no trânsito da cidade. A cena se repete centenas de vezes ao dia no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). A entrada da emergência é apenas uma das muitas que dão acesso ao universo que é a unidade. Há 55 anos, o destino dos casos mais graves da saúde tem o mesmo endereço na 101 Sul.

No início, a obra se destacava no meio do cerrado e era uma inovação para a medicina. ;Era um projeto apaixonante;, lembra um médico pioneiro. Hoje, ela continua chamando atenção. Contudo, por motivos diferentes. Os corredores largos lembram uma cidade. A movimentação não para. Seja dos 6 mil funcionários, dos pacientes, dos acompanhantes e até dos ambulantes e dos mendigos que ficam do lado de fora. Na porta dos elevadores, 12 no total, filas se formam e é melhor entrar, mesmo se o destino não for igual ao indicado no painel ; para não perder viagem.

Por lá, a cura, a vida e a morte fazem parte da rotina, em meio às marcas indeléveis do sucateamento da rede pública de saúde. Os vestígios da crise estão estampados no prédio e no olhar de quem procura ; e algumas vezes, não encontra ; tratamento. A capacidade máxima do pronto-socorro é de 96 leitos. Mas o número de pessoas internadas ultrapassa a marca: a média de internação é de 180. O gargalo ficou ainda maior depois da redução da carga horária de funcionários. A situação colocou em xeque o funcionamento de leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e salas de cirurgia, entre outros serviços.

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Desde o dia da inauguração, poucas reformas de modernização foram executadas. Nenhuma delas aumentou espaço da unidade. Se todos os aparelhos do Hospital de Base forem ligados ao mesmo tempo, a energia elétrica cai devido à obsolescência da subestação de fornecimento ; a mesma desde a construção. O aparelho de ressonância magnética é completamente ultrapassado, mas continua sendo usado.

Apesar do quadro agoniante, o HBDF busca a cada dia encontrar mecanismos para lidar com as adversidades. Foi assim que surgiu, por exemplo, o trabalho de voluntariado na unidade. Em cada enfermaria, a equipe usa os recursos disponíveis para atender à população, nem que o remédio seja a conversa. O Base é respeitado em diversas áreas médicas. Politraumas, patologias onco-hematológicas e neurocardiovasculares, cirurgias cardíacas, neurocirurgias e transplantes, entre 40 especialidades. Bem diferente do que imaginou o então presidente, Juscelino Kubitschek. A ideia original ; quando se chamava Hospital Distrital ; era ser um pronto-socorro. O plano não vingou. O trabalho cresceu, mas a unidade continua a funcionar.

[SAIBAMAIS]

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