Cidades

Justiça autoriza reintegração de posse, mas manifestantes prometem resistir

Cerca de 450 famílias do Movimento Resistência Popular e expulsas de estacionamento invadem o St Peter Hotel, famoso por falsa ameaça terrorista e pela oferta de emprego a José Dirceu

Nathália Cardim
postado em 15/09/2015 06:40
Os integrantes do movimento usam a estrutura do hotel: St Peter não recebia ninguém havia sete meses

Das barracas ao hotel de luxo. Depois de mais de dois meses mobilizados em um estacionamento do Setor Bancário Norte (SBN), os integrantes do Movimento Resistência Popular (MRP) ocuparam suítes em sete andares do St Peter Hotel, no Setor Hoteleiro Sul. Mesmo com a decisão da Justiça determinando a reintegração de posse, os manifestantes se negam a sair do local e prometem resistir. O hotel é o mesmo de casos que colocaram a capital nos noticiários nacional e internacional, como o de um falso ataque terrorista e da oferta de emprego a um já condenado José Dirceu.

Desta vez, o MRP usou as sacadas do empreendimento para entoar palavras de ordem e estourar rojões. O grupo invadiu as instalações na madrugada de ontem, por volta das 2h, após passar o domingo em busca de um abrigo, no Setor de Diversões Sul (Conic). O St Peter não recebia ninguém havia sete meses. Em março, o Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) expediu uma ordem de despejo que pegou hóspedes e funcionários de surpresa. Mobílias, camas e televisões que ficaram para trás ganharam novos usuários nesta segunda-feira. ;Nunca dormi em uma cama tão macia.

Os advogados do St Peter Hotel entraram com o pedido de reintegração de posse no início da tarde de ontem. Até o fechamento desta edição, eles obtiveram resultado favorável, mas, de acordo com informações da Polícia Militar, a operação estava em planejamento. Em assembleia, o grupo que ocupa o prédio decidiu permanecer no empreendimento.



Direitos
A saga das 450 famílias, segundo os coordenadores do movimento, começou em 1; de junho, quando o grupo armou acampamento na porta da Secretaria de Fazenda do DF. Eles cobravam a prorrogação do auxílio aluguel de R$ 600, até que cada integrante recebesse uma moradia pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab) ou participasse de um programa de habitação para cidadãos de baixa renda. Após uma reintegração de posse, eles migraram as barracas para o SBN. Lá, permaneceram 78 dias, até que outra ação do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil e de profissionais da Novacap e da Terracap obrigou o grupo a sair do local, no último sábado.

Depois de permanecerem no Conic por um dia, o grupo decidiu seguir até sede da Codhab, no Setor Comercial Sul. ;Mas, no meio do caminho, vimos o prédio abandonado e ocupamos;, explicou o coordenador Francinaldo Silva. Durante a madrugada, alguns policiais militares tentaram impedir a invasão. Na confusão, um dos PMs quebrou o vidro de uma das portas do hotel com um chute. Há uma gravação do vandalismo. ;A polícia foi agressiva. Chutaram e jogaram spray de pimenta. Uma criança de cinco meses passou mal;, conta Maria Auxiliadora. Apesar disso, não foi possível impedir a tomada do lugar.

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