Várias fotografias de peitos (de homens ou mulheres?) pregadas em muros de São Paulo e de Brasília provocam a população desde o começo desta semana. O movimento #MamiloLivre colocou as imagens na passagem subterrânea da 202 Sul e no Setor Hospitalar Sul, nesta sexta-feira (18/9), para quebrar a ideia de que a mulher não pode mostrar o peito.
Por coincidência, enquanto ativistas lançavam o #MamiloLivre, no último domingo (13/9), no Viaduto Oscar Freire da capital paulista, a cantora e compositora Karina Buhr foi censurada no Facebook por postar a capa do novo CD Selvática, que será lançado no próximo 29 de setembro. A capa, em que a cantora aparece com os seios nus, foi retirada da rede social por apresentar "conteúdo que não segue os padrões em relação à nudez;, como diz a mensagem enviada à cantora.
A fotógrafa Júlia Rodrigues e a psicóloga Letrícia Bahia, fundadoras do #MamiloLivre, entraram em contato com Karina Buhr e planejam aproveitar o "gancho" para fazer um movimento ainda maior. ;Nós também fomos censuradas pelo Facebook. Estamos pensando em trabalhar juntas com a Karina;, adianta Letícia.
O movimento começou a ser arquitetado há cinco meses, quando Letícia postou em blog pessoal um texto sobre o assunto: "Homens têm direito de exibir seus mamilos em público. Mulheres não". Decidida a trazer para as ruas e ampliar a discussão da publicação, a psicóloga teve a ideia de colar as imagens dos mamilos na cidade.
Pouco tempo depois, ela conheceu a fotógrafa Júlia, que fazia um trabalho chamado Pode, não pode com a mesma reflexão do texto. ;Eu cuido da parte visual do movimento. O visual sendo impactante chama atenção;, observa a fotógrafa. Júlia resolveu participar do projeto por não concordar com a maneira como o peito da mulher é visto. "Coisas minhas que não tinham nenhum apelo sexual eram censuradas e as fotos para o público masculino, com poses super eróticas, não. Isso me incomodava muito", admite a fotógrafa.
As duas saíram então em busca de pessoas que aceitassem participar do movimento. "Diversidade é importante para o projeto. Corremos atrás para que as imagens realmente representassem isso", explica Letícia.
Com as fotos em mãos, as feministas deram início ao #MamiloLivre. E elas garantem que não vão parar por aqui. Já estão recebendo apoio de vários lugares do Brasil e pretendem atingir outros países. "Vamos mandar painéis pelo correio para as pessoas que quiserem colar nas suas cidades", explica Letícia. Além disso, pretendem promover um grande evento no viaduto que deu o ponto inicial da campanha. "Estou achando incrível a repercussão. Estão acontecendo um monte de coisas ao mesmo tempo. E estamos só no começo", diz Júlia.