O encontro com os empresários ocorreu na residência oficial de Águas Claras e contou com a presença do secretariado e de federações e sindicatos patronais, como a Federação do Comércio (Fecomércio), a da Indústria (Fibra), da Construção Civil (Sinduscon), da Agricultura (Fape-DF) e do Varejo (Sindivarejista). O objetivo era explicar o motivo de medidas impopulares ; como aumento do transporte público e de impostos ; e pedir apoio e paciência ao setor privado.
Durante a reunião, o chefe do Executivo chegou a comentar que era preciso aumentar o preço dos restaurantes comunitários porque havia empresário deixando de pagar o tíquete do funcionário e indicando ao trabalhador a refeição subsidiada pelo governo. Ele cogitou ainda a permuta de lotes do GDF para quitar as contas em aberto com os fornecedores.
Durante o encontro, os empresários questionaram itens do pacote. A Federação do Comércio, por exemplo, se mostrou favorável à diminuição do Estado ; com redução de cargos comissionados e salários ;, mas se posicionou contra o aumento de impostos. ;Eu falei para o Secretário da Fazenda que ele tem 1,5 mil funcionários. Desses, 500 são auditores fiscais. É preciso intensificar a escala e diminuir a evasão fiscal, não aumentar os impostos;, defendeu Adelmir Santana, presidente da Fecomércio. O Sindivarejista-DF adotou uma postura mais conciliatória. ;O governador quis tranquilizar os empresários e pediu apoio. O discurso é o de que, se não aprovar o pacote, vai ser pior para a economia local;, afirmou Edson de Castro, presidente da organização.
Polêmico decreto
Com mais de dois meses de atraso do que havia sido prometido para o setor produtivo, o governo do Distrito Federal publicou, no Diário Oficial do DF, o decreto no qual se compromete a pagar as dívidas em atraso com os fornecedores. São 874 empresas que esperam receber o montante de R$ 1,1 bilhão deixados pela gestão de Agnelo Queiroz. Aproximadamente 45% dessa dívida (R$ 503 milhões) está concentrada em 20 empresas dos segmentos de coleta de lixo, transporte público, saúde e construção civil.
A proposta apresentada pelo Executivo prevê que os valores em débito comecem a ser quitados a partir de julho de 2016 e divididos em 60 parcelas. Em princípio, não há previsão de pagamento de correção monetária, nem juros. ;Esse decreto significa que o governo se compromete a pagar a dívida. Ela entra como patrimônio de dívida;, explicou Renato Brown, secretário-adjunto de Planejamento. ;Ou seja, é uma garantia para o credor. Com esse decreto, o prazo de prescrição é interrompido e se gera fluxo. O empresário pode fazer isso para levantar um empréstimo bancário, por exemplo;, complementa.
Entre o setor produtivo, o decreto gerou polêmica. O Sindicato Brasiliense de Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas do Distrito Federal (SBH), que tem R$ 140 milhões a receber, considerou o parcelamento e o não pagamento da correção monetária um desrespeito à saúde e aos estabelecimentos privados. ;Se eu ficar sem pagar os salários dos funcionários e os impostos, é multa atrás de multa. O governador já cumpriu praticamente 25% do mandato. Está na hora de ele cumprir as promessas eleitorais;, atacou José Carlos Daher, diretor-presidente do SBH.
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