Cidades

Manifestantes passam a curtir rotina de luxo no St Peter Hotel

O coordenador do grupo vive hoje no principal quarto do estabelecimento

postado em 19/09/2015 15:32
Uma semana após invadir um hotel de luxo no centro da cidade, tomar banho de piscina e comer e beber os produtos da cozinha e da geladeira dos quartos, integrantes do Movimento Resistência Popular pelo Direito à Cidade (MRP) estão confortáveis o suficiente para dizer que não querem se mudar. Em reunião com representantes do GDF, ontem, o grupo pediu a doação de um terreno para deixar o St Peter Hotel. Essa área, provavelmente em Ceilândia, seria o próximo destino das 450 famílias alojadas no estabelecimento do Setor Hoteleiro Sul. Mesmo sinalizando a disposição para negociar, porém, o governo não decidiu se libera o espaço.

A bandeira do Movimento Popular pelo Direito à Cidade marca território na área central de Brasília

Da suíte presidencial onde vive atualmente até a sala de reuniões do Palácio do Buriti, um dos coordenadores do MRP, Edson Silva, levou 10 minutos. A conversa acabou suspensa após duas horas, e nenhuma decisão foi tomada. Assim, os manifestantes continuarão no St Peter, e o governo não pretende fechar acordos enquanto o grupo não se cadastrar na Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab). ;Até isso acontecer, não existe conclusão;, resumiu o secretário adjunto de Relações Institucionais e Sociais, Manoel Alexandre.

[SAIBAMAIS]O MRP prometeu fazer a inscrição no programa na próxima segunda-feira. Enquanto isso, nada de desocupação forçada, apesar da decisão judicial favorável à reintegração de posse. ;Não é nosso interesse retirar as pessoas com truculência. Estamos sensíveis à situação;, completou Manoel. Um dos caminhos para expulsar os manifestantes do hotel é a ordem do governador Rodrigo Rollemberg, cujo cargo permite acionar a Polícia Militar. Outra opção seria o cumprimento imediato de determinação da Justiça. Nela, alguns custos da operação, como transporte de objetos, ficaria com os donos do St Peter.

Quem faria a desocupação, de fato, seria a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social. Mas essa não é a intenção do GDF. Uma reunião chegou a ser realizada na Casa Militar para discutir o planejamento da ação. Estavam presentes advogados dos proprietários do hotel e representantes da Procuradoria-Geral do DF, da Secretaria de Relações Institucionais e da Polícia Militar. Estudaram a estrutura do prédio e chegaram a verificar o número de agentes na desocupação.



Prejuízo
Mas, diante da promessa de evitar confrontos, o MRP se acomodou. Os primeiros dias de invasão ficaram marcados pelos termos utilizados por Edson Silva para definir o futuro. O chefe dos sem-teto previu ;um banho de sangue;, afirmando incansavelmente que ninguém abandonaria o hotel. ;Eles não têm para onde ir. Continuamos assim há meses;, reclamou. De acordo o líder, a doação de um terreno acalmaria os ânimos e facilitaria a mudança. ;Queremos um endereço para onde ir. Sem nada, não podemos ficar;, acrescentou.

O advogado dos donos do St Peter, Sérgio Roncador, informou que o clima é de ;muita tensão;. ;Estamos preocupados. Além do desconforto, existe um prejuízo. É uma questão patrimonial, um bem dilapidado;, reclamou. Ele também relatou furtos. ;O grupo leva lençóis, talheres, objetos dos quartos; Entram com as mochilas vazias, mas elas saem cheias.; O defensor calcula prejuízos de pelo menos R$ 1 milhão.

Esse dinheiro poderá ser cobrado do GDF, segundo Roncador. ;Agora é o momento de apagarmos o incêndio. Mas, quando tivermos noção de todos os estragos, vamos ver quem vai pagar a conta. Não podemos descartar a responsabilidade do governo;, concluiu.

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