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Feijoada na Aruc levanta recursos para salvar terreiro destruído pelo fogo

Mesmo com a tristeza ainda presente, o clima, ontem, durante o evento, era de festa

postado em 21/09/2015 07:00
Mesmo com a tristeza ainda presente, o clima, ontem, durante o evento, era de festa

De um lado, o ataque e a intolerância. Do outro, a força e a fé. Desde o início do ano, segundo levantamento da Coordenação de Enfrentamento ao Racismo da Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial (Sepir) ; órgão do governo federal ; pelo menos 10 crimes contra centros religiosos foram praticados no Distrito Federal e no Entorno. Um terreiro em Santo Antônio do Descoberto sofreu dois ataques em 37 dias. Apesar do medo, a comunidade das religiões de matriz africana resolveu unir esforços para levantar novamente o barracão destruído pelo fogo no último dia 12. Ontem, uma feijoada foi organizada na Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc) para arrecadar recursos e doá-los ao babalorixá Babazinho de Oxalá, sacerdote de Santo Antônio do Descoberto.

Mesmo com a tristeza ainda presente, o clima, ontem, durante o evento, era de festa. Houve música, dança e indumentárias ganharam destaque. O que restou do terreiro de Edivaldo do Nascimento, 43 anos, estava exposto em uma mesa: algumas imagens, uma cadeira queimada, poucos materiais usados nos rituais e cinzas. ;Construímos esse prédio com o esforço de todo mundo. Temos filhos de santo que atendiam à comunidade em troca de saco de cimento, tinta e tijolo, para tudo terminar assim. Estou muito inseguro, não vou subestimar esses ataques, mas a minha fé ninguém abala;, afirmou o Babazinho de Oxalá, que pretende mudar o barracão de endereço. Segundo ele, não é mais seguro permanecer no local.

A feijoada reuniu amigos, filhos de santo, babalorixás de outros terreiros, inclusive de outras unidades da Federação. Iraci Emídia do Nascimento, 53 anos, é yakekerê em um terreiro em Uberaba (MG). Veio até Brasília para participar do evento. ;Até um ano atrás, também vivíamos muito bem lá em Uberaba. Mas, de um tempo pra cá, também sofremos ataques. Um vizinho jogava pedra, filmava sem permissão, num ato de discriminação. Até me arrepio quando falo dessas situações, pois abalam todos;, comentou Iraci. Sandro Rosa de Jesus, 41, é do Rio de Janeiro e está em Brasília há oito anos. ;Vemos discriminação lá também, mas ataques como os daqui, não. Tocar fogo em um terreiro, isso é falta de respeito e de humanidade;, criticou o babalorixá de Oyá de um terreiro no Guará.

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