Emergências lotadas nos hospitais tornaram-se cenas comuns. Apesar dessa realidade, em setembro, 105 autorizações para viagens de médicos e enfermeiros foram publicadas no Diário Oficial do DF. Ontem, outros cinco servidores da Saúde ganharam a ;dispensa de ponto;. Nenhum centavo é descontado dos salários nesses casos. Além disso, há 500 profissionais, de acordo com a vice-governadoria, em atividades administrativas, fora das unidades de atendimento. A Secretaria de Saúde diz que apenas 26 médicos e 63 enfermeiros realizam trabalhos burocráticos, mas o deficit no quadro de pessoal chega a 6 mil pessoas.
Os destinos internacionais são os principais nas liberações deste mês. Há viagens para Espanha, Estados Unidos, Bolívia, Dinamarca, Canadá, entre outros países. Os afastamentos são para que os servidores participem de congressos, seminários e fóruns. O reflexo nos hospitais é de 16.800 horas a menos no atendimento à população ; caso os funcionários trabalhem 40 horas semanais. ;Servidores da pasta têm direito de pedir afastamento para participar de cursos, seminários e congressos com a respectiva remuneração, conforme a Lei Complementar n; 840. As dispensas, para rápidas capacitações, são feitas de acordo com as chefias imediatas das regionais. Não alteram em nada o atendimento à população;, garantiu, em nota, a Secretaria de Saúde.
A pasta conta com 31.282 servidores ativos. Este ano, houve uma baixa no quadro de 748 profissionais somente de contratos temporários. Por ter ultrapassado o limite de gastos imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o GDF está impedido de realizar novas contratações. A última tentativa do governo foi recorrer às Forças Armadas a fim de angariar médicos para atenderem na capital por seis meses. ;É tempo suficiente para a Secretaria de reestruturar e organizar o quadro;, avalia o vice-governador Renato Santana.
Falência
A falta de profissionais provoca cenas como a do último sábado, quando um médico do Hospital de Base teve um surto de estresse diante da impossibilidade de receber mais pessoas. A própria diretora da unidade, Ana Patrícia de Paula, reconheceu as dificuldades. ;É impossível uma emergência funcionar bem com duas pessoas, quando a necessidade são de seis. Isso exige muito mais dos profissionais.;
O presidente da Associação Médica de Brasília (AMBR), Luciano Carvalho, acredita que a falência do sistema é fruto da falta de gestão. ;A secretaria não sabe quantificar o reflexo que os desvios de função e as liberações trazem ao atendimento. O gestor deve analisar a repercussão para diminuir as dificuldades. Essa realidade exige mais dos profissionais, o que desmotiva os servidores;, critica. Para ele, a situação ficará pior nos próximos meses. ;No modelo que existe, não há como melhorar a curto prazo. O ano que vem será obscuro, porque essa prática se tornou um vício.;
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique