Cidades

Universitários que chegaram à UnB por meio do PAS têm melhor desempenho

Criação do Programa de Avaliação Seriada completa 20 anos. Comemorações do aniversário continuam este mês e convidam comunidade externa a participar

postado em 01/10/2015 06:00
O estudante de medicina Lorenzo foi aprovado no subprograma deste ano...
Quando Adail de Castro Cavalheiro pisou pela primeira vez na Universidade de Brasília (UnB) após a aprovação no curso de ciência da computação, a sensação foi um misto de curiosidade e receio. Ele foi um dos cinco primeiros colocados da então inédita seleção do Programa de Avaliação Seriada (PAS), em 1999. Perdido entre inúmeros departamentos e siglas que, na época, não faziam muito sentido para ele, começou a desbravar a instituição onde, hoje, dá aulas. ;Desde 1999 até hoje, a UnB é parte muito importante da minha vida. E será por muitos anos ainda;, relata.

... e o professor Adail na primeira seleção da prova: duas gerações reunidas
O cenário que o calouro de medicina Lorenzo Leite Dino, 19 anos, encontrou este ano foi bem diferente. Ele foi o primeiro colocado do PAS no Câmpus Darcy Ribeiro em 2015. De lá para cá, o número de alunos da universidade quase triplicou ; são 36.559 matriculados na graduação ;, a UnB marcou mais uma vez sua posição de vanguarda criando o Sistema de Cotas para Negros, construiu mais três câmpus, aderiu ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e prepara-se para ampliar o alcance do PAS e adequar a prova aos avanços tecnológicos nos próximos anos.

Os dados do Decanato de Ensino de Graduação (DEG) mostram que UnB tem ganhado com entrada de estudantes pelo PAS. O Índice de Rendimento Acadêmico (IRA) médio dos estudantes aprovados pelo programa é superior ao observado entre alunos que passaram pelo Sistema Universal ou pelo de Cotas para Negros. Essa e outras informações sobre a prova (veja o quadro) foram enviadas às unidades acadêmicas da UnB no último mês, na Proposta de Fortalecimento do PAS. Nas primeiras semanas de outubro, cada unidade deve dar um retorno ao DEG. ;A história de sucesso do PAS não justifica que a gente fique parado. A UnB tem um histórico de estar na vanguarda e é hora de pensarmos em novas possibilidades;, afirma o reitor, Ivan Camargo.

Entre as propostas, estão o aumento de vagas destinadas ao programa de 25% para 50% e a criação do SisUnB, sistema que dará ao candidato a chance de escolher outra graduação depois de ter acesso à nota da prova. As mudanças ainda dependem da aprovação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), que não definiu data para discutir o assunto.

Mudanças
Apesar de ter continuado a carreira acadêmica, Adail, hoje com 34 anos, enfrentou uma mudança de rumos. Durante o curso de ciência da computação, começou a dar aulas particulares de matemática, apaixonou-se pelo ofício, fez mestrado e doutorado na área e passou no concurso da UnB para professor do Departamento de Matemática, onde ocupa o cargo de coordenador de Graduação. O sentimento de estar perdido em um local estranho deu lugar ao aprendizado para a vida adulta. ;Estudar em uma instituição de ensino federal desse tamanho é uma batalha à parte. Contribuiu muitíssimo, especialmente para que eu percebesse a importância de me virar e resolver meus problemas de maneira mais autônoma. Ficar reclamando das coisas nunca adiantou muito, e isso é um espelho da nossa vida no mundo dos adultos;, conta.

Para Lorenzo, a surpresa não foi tão grande. O PAS, 20 anos após a criação, aprovada pelo Cepe em 1995, já é uma prova conhecida e consolidada. ;Acho o modelo do PAS muito melhor do que os outros, porque só cobra matérias daquele ano. Você pode se aprofundar mais e isso valoriza o aluno que estuda desde o início do ensino médio, enquanto, no Enem e no vestibular, se o aluno se dedicar só no último ano, ele até consegue se sair bem;, avalia.

Rogério Basali, gerente de Interação Educacional do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) e integrante da Comissão de Avaliação do PAS, afirma que o programa deu um novo sentido ao período escolar do ensino médio ao possibilitar que o estudante se preocupe melhor com a formação desde o 1; ano. Na opinião dele, o que distingue o programa de outras provas de acesso ao ensino superior é a interação entre a universidade e a educação básica, envolvendo tanto profissionais da rede pública quanto da rede privada de ensino. ;Esse ambiente, de construção conjunta entre é o que garante que o PAS seja uma avaliação diferenciada;, diz.

Como parte da comemoração dos 20 anos do PAS, a comissão promoverá o seminário 20 anos do PAS: compartilhando experiências das escolas. O evento ocorrerá de 10 a 13 de novembro, e as escolas que quiserem participar podem se inscrever entre 5 e 19 de outubro pelo site www.gie.cespe.unb.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação