Breno Fortes
postado em 04/10/2015 08:00
Eles vivem longe dos eixos e das tesourinhas. Em vez do concreto e dos azulejos de Athos Bulcão, a terra vermelha do cerrado e as casas simples. Produzem parte do que consomem, trabalham duro e rezam para conseguir o resto que precisam. O esforço próprio e a fé só não são suficientes para tirá-los da invisibilidade, principalmente quando o assunto é saúde. O fantasma que assombra o sistema de saúde do DF e tem tirado as noites de sono do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) há muito tempo sacrifica a comunidade rural da capital do país.
Falta de medicamentos e médicos, dificuldades de acesso ao atendimento e demora na realização de exames são queixas também bastante frequentes nos depoimentos de quem vive no campo. Na região, não existe hospital, apenas postos de saúde que funcionam de acordo com a Estratégia Saúde da Família (ESF) do Ministério da Saúde (leia Para saber mais). E que atendem a mais de um núcleo rural. Os problemas não diferem daqueles enfrentados todos os dias pela população da zona urbana da capital. Contudo, as dificuldades são multiplicadas por outras variáveis, como a falta de transporte. Os resultados podem ser trágicos.
Uma gravidez não planejada chegou à vida do casal Gabriela Anaele de Souza Silva, 24 anos, e João Paulo de Souza Rodrigues, 21. Apesar da surpresa, a notícia foi comemorada. Possíveis nomes começaram a ser pensados para o bebê. Os dois moram com a família de Gabriela no Núcleo Rural Cerâmica Reunidas Dom Bosco, próximo ao km 54 da BR-020. Na comunidade não há posto. O mais próximo fica no Núcleo Rural do Pipiripau ; distante cerca de 11km de estrada de terra. Para fazer o pré-natal, Gabriela optou pelo Hospital Regional de Planaltina.
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