Uma almofada em formato de coração. De longe, parece apenas item decorativo. Para as mulheres que receberam o objeto ontem, em Taguatinga, é sinônimo de carinho e conforto. As chamadas Almofadas do Coração foram criadas especialmente para pacientes com câncer de mama que tiveram de passar por mastectomia. Ontem, cerca de 60 mulheres ganharam o objeto das mãos das Quilteiras do Cerrado, responsáveis pela fabricação, em evento realizado na Associação Brasileira de Assistência às Pessoas com Câncer (Abrapec), para celebrar o Outubro Rosa.
Após uma palestra sobre o empoderamento feminino, cada uma das participantes recebeu a almofada e instruções de uso. A cirurgia de retirada da mama costuma causar muitas dores e o artefato serve como alívio após a operação.
O recheio é de algodão puro e a parte externa, de fibra siliconizada, para não causar alergias. Depois, elas são embaladas, para não haver contaminação. O objeto é feito em formato semelhante a um coração, pensado anatomicamente para se encaixar sob a axila, ajudando no controle de dores.;Reduzem o inchaço, diminuiem as dores, dão mais conforto na hora de dormir;, diz Edmea Maria do Carmo, 39 anos. A engenheira descobriu há cerca de um ano e meio que tinha câncer e, meses depois, teve de retirar uma das mamas.
A dona de casa Lileuda da Cruz está na luta há mais tempo. Diagnosticada há três anos, teve de passar pela cirurgia. A doença foi superada, mas as dores não sumiram. ;A almofada é muito boa. Mesmo após a cirurgia de reconstrução da mama ela é necessária;, garante.
O encontro serviu para a troca de experiências entre as participantes. ;Sabemos que parte do tratamento é feito fora dos hospitais. Aqui elas são abraçadas e recebem apoio;, afirma Débora Camargo da Costa, coordenadora da Abrapec.
Tecendo amor
O Quilteiras do Cerrado foi criado em 2007, por amigas que participavam de aulas de patchwork. Uma das participantes viajava pela Europa quando teve contato com o projeto dinamarquês chamado Heart Pillow, ou Almofada de Coração, em tradução livre. Desde então, o grupo reúne-se uma vez por mês para a confecção de material.
As entregas concentram-se em períodos especiais, como o Outubro Rosa. Doações são feitas em hospitais e instituições que cuidam de pacientes de câncer e já beneficiaram mais de 1,5 mil mulheres. ;Fazemos de coração;, brinca a quilteira Diva Pellegrini, 82 anos.
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