O horário de verão chegou. Amado por uns, odiado por outros, o fato é que o dia ficará mais longo. Significa dizer também que muitas pessoas acordarão no escuro. Assim, acontecem mudanças biológicas e econômicas. Até porque esta é a principal finalidade da alteração: estimular o uso racional e adequado da energia elétrica. Alguns setores estão ansiosos. O Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Similares de Brasília (Sindhobar), por exemplo, vislumbra um aumento de 5% entre o próximo dia 18 e 21 de fevereiro de 2016, quando o relógio retorna uma hora. Afinal, se há um lado positivo nesses 30 anos de horário de verão no Brasil, ele se encontra no tradicional happy hour.
O brasiliense terá de adiantar o relógio à meia-noite de sábado para domingo. E não só os moradores da capital federal (veja Almanaque). O principal objetivo do governo com a obrigatoriedade é poupar a energia, em uma época quente do ano, na qual o uso de eletricidade para refrigeração, condicionamento de ar e ventilação atinge o pico. A estratégia passa por aproveitar a intensificação da luz do dia durante o verão e, assim, reduzir os gastos.
No Brasil, o horário de verão foi praticado entre 1931 e 1932, pelo presidente Getúlio Vargas, com duração de cinco meses. Mas só foi adotado sem interrupções a partir de 1985. Em 2008, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram definidas as datas para a mudança de horário e a duração foi fixada em quatro meses. Cerca de 30 países, além do Brasil, incluem o horário de verão no calendário, entre eles, Estados Unidos, todas as nações da Europa, Chile e o norte da China. No entanto, é em terras brasileiras que o usual happy hour ganha mais força.
;É porque aqui faz parte do nosso comportamento. Está no sangue a vontade de tomar um chope no fim do dia;, observa o presidente do Sindhobar, Jael Silva. Segundo ele, o aumento esperado representa aproximadamente o mesmo dos anos anteriores, o que mostra otimismo do setor em tempos de crise. ;É um horário muito esperado. Dia claro, sol, as pessoas saem cedo do trabalho, o que anima. O horário pode ser, inclusive, um aliado importante para superar essa crise, pois é quando os comerciantes também apostam nas promoções, dose dupla, chope mais barato;, espera Jael.
Outro setor animado é o de esportes. Uma das possibilidades ao fim do dia é malhar. Como o sol deve ser visto até as 20h20, lojistas acreditam que 80 mil pessoas passarão a correr e a se dedicar a outras atividades em clubes e parques até esse horário. O aumento esperado nas vendas de materiais esportivos é de 2%, de acordo com expectativa do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista). Nessa onda, uma petição pública inscrita na plataforma on-line Avaaz sugere a alteração do funcionamento do Eixão do Lazer durante o horário de verão. A interdição dos 14km de Eixo Rodoviário passaria a ser das 7h às 19h. A razão é o aproveitamento de um período maior de luz solar. O assunto deve ser resolvido pelo DER até hoje.
O corpo
Já no corpo, fica nítido o reflexo. O sono é um dos principais problemas. Mas também é o mais simples de se resolver. Segundo o neurologista especialista em medicina do sono Nonato Rodrigues, os efeitos do horário de verão no organismo do homem podem ser piores do que se imagina. ;Um estudo sueco aponta que durante esse tempo o número de internações e de casos de infarto do miocárdio aumenta. Nosso organismo tem um relógio que diz que precisamos dormir e acordarem tal hora. Tem gente que mexe com isso e fica tudo bem, mas outros não suportam;, enfatiza o médico.
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