Cidades

Com medo de represálias, moradores não comentam execução em Ceilândia

Ao todo, pelo menos nove tiros atingiram Diego, ex-cobrador de ônibus da Marechal, que foi executado diante do filho. Os autores dos disparos não foram identificados pela Polícia Civil

Otávio Augusto
postado em 19/10/2015 20:49
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Na EQNO 11/13, em Ceilândia, o que prevalece é o silêncio. Após a execução de Diego Nunes da Silva Rodrigues, 29 anos, na noite do último sábado (17/10), poucos vizinhos falam sobre o assunto. O medo de represálias faz com que uma comunidade inteira fique às sombras de um crime onde faltam várias respostas. As imagens do circuito interno de segurança de um casa flagrou o assassinato. No momento do ataque, a vítima estava com o filho, de 12 anos, e com a namorada como mostra as imagens.

Ao todo, pelo menos nove tiros atingiram Diego, ex-cobrador de ônibus da Marechal, que foi executado diante do filho. Os autores dos disparos não foram identificados pela Polícia Civil

Ao todo, pelo menos nove tiros atingiram Diego, ex-cobrador de ônibus da Marechal. Os autores dos disparos não foram identificados pela Polícia Civil. O crime ocorreu próximo ao Centro Educacional 14, do Setor O. Um vizinho que pediu para não ser identificado, lembra com detalhes daquela noite. ;Estava em casa quando escutei os tiros. Desliguei a tevê e fiquei acompanhando pela janela, mas sem abrir. Lá em casa, todos ficaram muito assustados. Uma mulher gritava sem para para chamar a ambulância, a Polícia não, só o socorro;, conta o homem, que mora a poucos metros do local do assassinato.

Ao todo, pelo menos nove tiros atingiram Diego, ex-cobrador de ônibus da Marechal, que foi executado diante do filho. Os autores dos disparos não foram identificados pela Polícia Civil

O Bloco C era o endereço de Diego há 5 meses. Ontem, a casa onde o homem morava aparentava estar vazia. ;Eles eram tranquilos, nunca tiveram problemas aqui. Faziam o churrasco deles no fim de semana sem incomodar ninguém;, afirma um vizinho. Após o ataque, ele foi levado para ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), mas não resistiu e morreu antes de chegar na unidade médica.

[SAIBAMAIS]

A região é reduto do tráfico e uso de drogas, segundo os moradores. Além disso, os assaltos são frequentes. ;Aqui é muito perigoso, como todo lugar. A gente escuta muito as pessoas falarem de roubo de celular. Certa vez, levaram o carro de uma cliente minha aqui na porta da loja ao meio dia;, ressalta a costureira Zilvanete Passos, 58, que mora há 30 anos no mesmo endereço.



As imagens foram gravadas pelas câmeras de segurança de uma casa. O dono do equipamento não quis se identificar, mas afirma que instalou o aparelho após invadirem o comércio dele. ;Eu dei as imagens apenas para um amigo da família. Não sabia que ia se espalhar assim. Fico com medo de voltarem aqui para se vingarem;, observa o homem que teme retaliações. O vídeo mostra que antes mesmo dos suspeitos sacarem a arma, a namorada de Diego desce do carro e se esconde. Após os disparos, o menino de 12 anos sai do banco de trás.

A 24; Delegacia de Polícia (Setor O) investiga o caso, mas não divulgou detalhes da apuração nem dos antecedentes criminais da vítima. ;Não divulgaremos as linhas de investigação, pois isso prejudica os trabalhos desenvolvidos. No momento oportuno iremos nos manifestar;, informou, em nota, a Divisão de Comunicação da Polícia Civil. A namorada de Diego não foi identificada. Ninguém foi preso.

Luto
Nas redes sociais, amigos de Diego, conhecido como ;Galeguim;, lamentaram a morte do rapaz. ;Como é difícil perder uma pessoa boa que não fazia mau pra ninguém, só ajudava. Meu parceiro, meu aliado, nunca vou esquecer;, escreveu Lúcia Nunes.

Várias internautas questionavam a frieza do crime. Alguns, suspeitavam que a motivação estaria ligada ao tráfico ou que o assassinato teria sido encomendado por um desafeto de Diego. ; Que Deus conforte o coração do pai e do filho dele, pois, nem vendo uma criança tiveram piedade;, publicou em uma página Gabriela Miranda Araújo.

Em sua página pessoal, Beatriz Oliveira, lembrou a personalidade do amigo. ;Queria tanto ver aquele sorriso lindo que você tinha, aquele olhar alegre que contagiava a todos. Essa dor nunca vai passar, eu perdi um irmão;, escreveu a jovem.

O corpo de Diego ainda não foi liberado do Instituto de Medicina Legal (IML). Devido a greve, o serviço pode levar até 72 horas, um vez que o normal seria no máximo 24 horas. A Viação Marechal informou que o rapaz não fazia parte do quadro de funcionários desde agosto. Ele trabalhou por 5 meses na empresa.

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