O calor que tem fervido Brasília nas últimas semanas não dá descanso nem sequer à noite. As altas temperaturas castigam os brasilienses nas madrugadas ; momento em que os termômetros deveriam baixar sensivelmente. No entanto, a média, nesse horário, tem sido de 20;C, acima dos 17,5;C comuns para as noites de outubro, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Com incômodo e perda de sono provocados pelo calor, há quem ganhe com o tempo quente. A procura por aparelhos de climatização, como ar-condicionado, ventilador e umidificador, tem aumentado nas lojas de eletrodomésticos. O desempenho é positivo também no faturamento de sorveterias, paleterias e até dos vendedores ambulantes de água mineral.
A madrugada de segunda-feira foi a mais quente do mês, segundo o meteorologista do Inmet Mamedes Luiz Melo. A temperatura chegou a 22,8;C à noite. ;Outubro costuma ser o mês mais quente do ano e, em 2015, a temperatura média mensal, para a madrugada, está um pouco superior ao que costuma ocorrer;, afirma. Pode até parecer inimaginável, mas o Distrito Federal já registrou temperaturas noturnas mais intensas. Em 28 de outubro de 2007, chegou-se a 23,3;C (veja quadro). O maior índice da série histórica feita pelo Inmet, desde 1963, foi registrado em dezembro. A madrugada de 1; de dezembro de 2002 esquentou até os 25;C.
A situação atual ocorre em razão de uma massa de ar quente e seco estacionada sobre o Distrito Federal. Ela tem dificultado a chegada da chuva e atrapalhado a liberação da radiação solar da superfície. Com isso, o calor não se dissipa. O fenômeno é ainda mais intenso em locais com pouca área verde. ;Onde há concentração de prédios, é mais comum ocorrerem as chamadas ilhas de calor e, com isso, a temperatura fica ainda mais elevada;, explica Melo. Para hoje, a previsão é de mais calor: 35;C e umidade relativa do ar entre 40% e 15%.
Negócio aquecido
O Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista) registrou aumento de 20% nas vendas para o setor de climatização. A procura foi tanta que, em algumas lojas, os produtos estão em falta. A área de perfumaria também elevou as vendas em 3%, em relação ao ano passado. Produtos como cremes hidratantes e filtros solares são os recordistas de procura, de acordo com o presidente do sindicato, Edson de Castro. ;Brasília é muito seca, isso faz com que as pessoas precisem cuidar da pele. Além disso, aumentou a frequência de ida a locais de banho, a piscinas;, justifica.
O comércio de ventiladores na Feira dos Importados tem gerado lucro para Raimundo dos Santos Mendes, 41 anos. Há 18, ele tem um estande no centro comercial e, quanto mais calor faz, maior é a procura por aparelhos novos e por serviços de manutenção dos usados. ;O faturamento cresceu 100%, porque no frio eu não vendi nada. Agora, a procura tem sido boa, mesmo com a crise.; Segundo Mendes, a recessão econômica atrasou a aquisição de ventiladores, mas não emperrou as vendas. ;As pessoas compram conforme a necessidade. Às vezes, deixam de investir em outros produtos para comprar os ventiladores. Os modelos tipo coluna são os mais procurados, porque são mais baratos;, explica.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique .