Caroline Pompeu - Especial para o Correio
postado em 26/10/2015 06:00
Passar quase dez dias entre músicos renomados, ouvindo concertos, shows, recitais e participando de workshops, tudo isso de graça, é algo que a Escola de Música de Brasília (EMB) oferece. O Curso de Verão de Brasília (Civebra), que chegará à sua 38; Edição, em 2016, começou em 1978. Foi criado pelo primeiro diretor da escola, o maestro Levino de Alcântara. Em janeiro, alunos da escola e de outras regiões do Brasil, e até do mundo, vêm até a capital para participar do curso, considerado o maior da América Latina e o quarto do mundo, em ensino e aprendizagem musical. Professores de vários países são convidados para ministrar aulas. Diversos gêneros, entre eles a MPB, o jazz, o choro, a música erudita antiga e contemporânea, têm espaço.Professores e funcionários lutam para manter o curso, mesmo em momentos de crise, com a falta de verba. Com orçamento apertado para a edição que ocorreu no começo de 2015, a seleção dos alunos foi rígida. Em 2006, por exemplo, 3,5 mil alunos candidataram-se, mas apenas 800 participaram. Neste ano, a participação foi menor. Foram apenas 491 alunos e 44 professores, mas a qualidade do curso, de acordo com o diretor da Escola de Música, o maestro Ayrton Pisco, não caiu. Para se adaptar à crise, muitos cortes no orçamento foram realizados. Alguns professores deixaram de apoiar a realização do evento no fim do ano passado, porque ele aconteceria em locais que não tinham estrutura.
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[SAIBAMAIS]O investimento do governo para a edição de 2015 foi de R$ 900 mil e todas as atividades foram realizadas, pela primeira vez, dentro da Escola de Música. Apesar das dificuldades, o diretor dá o seu depoimento, emocionado. ;Em 1980, cheguei a Brasília para o Curso de Verão e, há quase 36 anos, sempre participo. Ele representa um momento único, principalmente, para estudantes carentes. É quando eles podem respirar o oxigênio musical com pessoas do mundo inteiro. Mesmo com o desgaste emocional que tivemos este ano para a realização, quando vi vans velhas e quebradas chegando de estados como Piauí e Rondônia; e estudantes descendo, vindo me abraçar, agradecendo pela oportunidade, isso faz com que qualquer sacrifício valha a pena.;
Ainda não há previsão de como será o curso, em 2016. ;Não tem verba, por enquanto. Vamos começar a planejar quando o dinheiro aparecer;, disse o diretor. Apesar da crise, a edição mais recente chegou ao fim em grande estilo: pela primeira vez, o Teatro da Escola de Música de Brasília acolheu em seu palco uma ópera, com a encenação de Gianni Schicchi, do italiano Giacomo Puccini. Confira uma retrospectiva de eventos marcantes, em anos anteriores.