O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) anunciou ontem o corte nos salários dos servidores do Governo do Distrito Federal (GDF) que não foram trabalhar por causa de paralisações consideradas ilegais pela Justiça. Eles terão os dias descontados na próxima folha salarial. O socialista tornou pública a sua irritação com os movimentos. Fez duras críticas aos sindicatos. Após reunião com representantes da Educação, ele ressaltou mais uma vez que o Executivo não conta com receita para o pagamento dos reajustes acertados pela administração anterior. Mas o discurso forte não intimidou os funcionários públicos. Novas categorias vão paralisar as atividades. Entre elas, a do pessoal do Departamento de Trânsito (Detran). E quem já estava em greve promete mais manifestações.
A falta de recursos para o pagamento de reajustes foi a tônica do discurso do chefe do Executivo ontem. ;Não temos dinheiro. E convidamos os sindicatos que tragam técnicos para que possamos abrir nosso orçamento e provar que o atraso no pagamento é por pura impossibilidade de fazermos isso agora;, afirmou Rollemberg. Segundo ele, a decisão de reajustar os salários, tomada em 2012, foi feita de modo impensado e comprometeu o orçamento. ;Esse tipo de medida tem que levar em conta uma previsão de três anos. E isso não aconteceu. Estamos no limite da responsabilidade fiscal: 81% do orçamento é são gastos com folha salarial;, completou.
O governador ainda criticou a atuação dos sindicatos grevistas. ;Os servidores de Brasília não podem ser representados por sindicatos como esses, que se negam a dar remédio a um doente no hospital. Essas greves são inócuas, pois não vão fazer dinheiro aparecer.; Em relação à ilegalidade dos movimentos dos trabalhadores da Educação e da Saúde, decretada pela Justiça na semana passada, Rollemberg afirmou que as punições serão cumpridas. ;Somos obrigados a descontar os dias não trabalhados dos servidores que não foram trabalhar. A folha de novembro já estava fechada, mas, em dezembro, serão descontados;.
Quanto às negociações, Rodrigo Rollemberg espera um entendimento das dificuldades por parte dos grevistas. ;Estamos abertos a conversas. Melhorias que não impliquem impacto financeiro são estudadas. Além disso, estamos receptivos a sugestões de medidas para aumentos de receitas. Não queremos o aumento de impostos, pois acreditamos que a carga tributária já é alta;, garantiu. Mas os reajustes só serão possíveis no ano que vem. E se o Legislativo ajudar. ;Precisamos que as medidas encaminhadas para a Câmara Legislativa sejam votadas. Se aprovadas, poderemos cumprir com o cronograma de pagamentos dos reajustes das 32 categorias em outubro de 2016. Não há como fazer isso antes de forma responsável.;
Suspensão de serviços
Os servidores do Detran cruzam os braços nesta manhã, em protesto contra más condições de trabalho e provável não pagamento de reajustes salariais, previstos para novembro. A categoria junta-se a outras que estão paralisadas na capital, como os servidores da Saúde e professores da rede pública. A decisão do pessoal do Detran havia sido tomada em 19 de outubro, em assembleia realizada no prédio do órgão.
;Lutamos por melhorias, como mobiliário, cadeiras, ar-condicionado, coletes balísticos para fiscalização, treinamento, entre outros aparatos básicos para prestar o serviço à sociedade;, aponta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Detran (Sindetran), Fábio Medeiros.
Com a greve dos agentes do Detran, diversos serviços do órgão ficam comprometidos. Casos de vistorias, emissões de documentos, renovações de carteiras de habilitação, fiscalizações e demais atividades devem ser suspensas ou funcionar apenas de forma parcial.
Para tentar conter a paralisação, o governo realizará uma reunião com líderes da categoria ainda pela manhã. O resultado das negociações será anunciado na assembleia marcada para a tarde, no estacionamento do órgão.
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