Cidades

Ex-governador do DF, Cristovam Buarque, critica ação da PM em protesto

Segundo ele, vários chefes do Executivo local conviveram com paralisações sem usar de agressão

postado em 30/10/2015 06:00

Segundo ele, vários chefes do Executivo local conviveram com paralisações sem usar de agressão
Nem os aliados mais próximos pouparam o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) de críticas após o enfrentamento entre policiais militares e professores grevistas, na quarta-feira. No meio político, ninguém teve coragem de sair em defesa do chefe do Executivo local por ordenar a ação policial, que terminou com docentes agredidos, algemados e levados presos para a delegacia após fecharem o Eixão Sul em horário de pico. Nas redes sociais, os vídeos com as cenas de professores sendo agredidos por PMs tiveram milhares de compartilhamentos. Apoiador do socialista, o ex-governador e atual senador Cristovam Buarque (PDT), que enfrentou a maior paralisação da história, em 1998, lamentou o ocorrido e bateu no GDF.

Em evento, ontem, Rollemberg afirmou que o Estado ;não pode admitir que dezenas de sindicalistas infernizem a vida de milhares de pessoas que voltavam para casa após o trabalho;. Ele defendeu a polícia, mas disse que ;qualquer excesso será apurado;. Os argumentos não foram suficientes para o socialista escapar das críticas. Em discurso no plenário do Senado Federal, Cristovam subiu o tom contra Rollemberg.

;Quero manifestar minha profunda indignação, porque bater em professor é bater no futuro do país;, disse. Ele destacou que todas as gestões, independentemente de coloração partidária, convivem com paralisações e podem até discordar dos movimentos. Usar da força, no entanto, não é correto. ;Quase todos os mandatos enfrentam greves de todas as categorias e, especialmente, de professores. Mas são poucos, felizmente, que usaram a política contra os professores. São poucos. E, lamentavelmente, o GDF fez isso ontem (quarta-feira);, opinou.

Cristovam foi além e se disse desconfortável por fazer parte da base aliada do Buriti. ;Fico triste de ter dado meu apoio, de ter colaborado para eleger Rollemberg. E me incomoda, hoje, que o meu partido esteja dentro do governo, responsável por espancamento a professores, por prisões;, argumentou. Ele fez uma reflexão mais profunda. ;Depois, reclamamos do mau comportamento das crianças. Depois, reclamamos da violência dentro das escolas. Esse é o produto de governos que batem em professores, que prendem professor;, criticou.

Experiência própria

O ex-chefe do Buriti sabe o que é lidar com movimentos radicais: quando governou, enfrentou a paralisação de docentes mais extensa da história. Foram 69 dias de muito desgaste, sem professores nas escolas, logo no ano de tentar a reeleição ao governo local, em 1998. À época, ele fazia um mandato com chance de continuar no poder. Aliados, no entanto, avaliaram que os embates com os professores foram determinantes para a derrota nas urnas, ainda mais por ter uma trajetória ligada à categoria ; hoje senador, ele foi reitor da Universidade de Brasília.

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