postado em 31/10/2015 09:20
A relação entre o Palácio do Buriti e a Câmara Legislativa, este ano, é marcada por sucessivas discórdias. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não conseguiu formar uma base consolidada na Casa e sofre para aprovar projetos que, segundo o Executivo, são imprescindíveis para equilibrar as contas e pagar servidores. Após o enfrentamento entre policiais militares e professores grevistas na última quarta-feira, a situação do GDF no parlamento piorou. Antes do episódio, a oposição já havia apresentado obstrução à pauta. Agora, ganhou mais apoio dos parlamentares ;da situação;.
Embora tenha apresentado o calendário de pagamento dos reajustes, o governo diz que o cronograma está condicionado à aprovação de vários projetos para garantir caixa e honrar os compromissos. O acordo era ter votado nesta semana. Como os sindicalistas rejeitaram a proposta de receberem a partir de outubro de 2016, os distritais recuaram e não deram uma previsão a fim de apreciar as matérias. As reações negativas após a operação policial acirraram ainda mais as relações entre Executivo e Legislativo. E atrapalharam a negociação, já complicada, para fechar uma data certa de votação que permita o GDF prever o tamanho exato do orçamento do próximo ano.
Não são apenas os distritais os insatisfeitos com Rollemberg. A bancada do DF no Congresso Nacional, formada por oito deputados federais e três senadores, também demonstrou indignação com o tratamento do governo no caso do fechamento do Eixão Sul por docentes. O discurso quase unânime é de total repúdio ao GDF ; os parlamentares cobraram formalmente do chefe do Executivo local, por meio de uma carta, uma retratação.
No dia seguinte ao enfrentamento que terminou com professores agredidos, algemados e levados para a delegacia, Rollemberg comentou o assunto em uma rede social. As palavras do governador a respeito, no entanto, não foram suficientes para acalmar os aliados. Na mensagem, apesar de afirmar que determinou a abertura de uma investigação a fim de apurar se houve exageros, ele relata que a ;PM foi acionada para garantir a segurança de todos e, com responsabilidade e profissionalismo, negociou com os líderes sindicais que ali estavam;.
Um dos mais enfáticos ao criticar o GDF, o senador Cristovam Buarque (PDT) classificou a postagem como ;insuficiente;. ;Ele pediu desculpas à sociedade, o que foi bom. Mas é pouco. Além de se desculpar por ter espancado professor, ele tem que dizer o que vai fazer daqui para frente de diferente. Já fiz inúmeras sugestões, mas ele não dá importância;, opinou. Um dos únicos atores do meio político que saiu em defesa de Rollemberg foi o ex-chefe da Casa Civil do GDF, Hélio Doyle. ;O governador responsável pelos atos de violência na Estrutural (episódio ocorrido em 1998, na gestão de Cristovam) vem dar lição de como a PM deve agir? Pensa que as pessoas não têm memória?; argumentou. O pedetista respondeu. ;Aquela situação foi organizada por pessoas que queriam desestabilizar o meu governo. O julgamento desse caso, este ano, mostrou isso. Ali ficou claro que a polícia saiu de controle. Depois a gente viu que foi manipulação de infiltrados;, rebateu.