Cidades

Hospitais particulares suspendem leitos a pacientes da rede pública

R$ 180 milhões em aluguel de leitos deveriam ser pagos, segundo sindicato de centros médicos da capital

postado em 31/10/2015 19:45

Não é apenas a rede pública de saúde que reclama da falta de pagamentos por parte do governo do Distrito Federal. Hospitais particulares da capital estimam que o GDF deva cerca de R$ 180 milhões. A cobrança do pagamento veio por meio de uma carta aberta, publicada pelo Sindicato Brasiliense de Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas (SBH), que representa mais de 100 centros médicos.

O valor é decorrente de uma parceria firmada em 2006 entre instituições particulares e governo para uso de leitos privados por usuários do sistema público de saúde. O acordo previa o pagamento dos espaços, o que pagaria as despesas dos hospitais e geraria economia para o Estado. Para o presidente do SBH, José Carlos Daher, o apoio chegou a dar certo por um tempo, mas nos últimos anos gerou prejuízos para os centro médicos. ;Até 2010, tivemos bons resultados. Mas desde então, diversos contratos não foram pagos. No fim do ano passado, a dívida estava em R$ 50 milhões, mas agora chega a R$ 180 milhões;, relata.

Sem a expectativa de pagamento, os hospitais particulares acabaram por cancelar o acordo, que chegou a oferecer 100 leitos para a rede pública. ; Durante a candidatura, o governador Rollemberg posicionou-se a favor da parceria e disse que pretendia pagar as dívidas. Porém, os centros médicos não foram pagos e nem ao menos fomos chamados para um diálogo sobre planejamentos para o caso;, reclama Daher.

Os representantes dos centros particulares reclamam também da negociação entre GDF e a rede Sírio Libanês de saúde. Conforme noticiado pelo Correio Braziliense em 3 de outubro, um terreno de 72,8 mil metros quadrados, próximo a Rodoviária Interestadual, seria cedido para a construção de uma unidade do renomado hospital.

Para Daher, porém, o local poderia ser destinado para melhorias mais imediatas na saúde. ;Não somos contra a vinda do Sírio Libanês. Mas a área, avaliada em cerca de R$ 400 milhões, poderia ser vendida para o pagamento de dívidas e investimentos na estrutura já construída na cidade, uma vez que a construção de um novo hospital duraria anos;.

Em nota, a Secretaria de Saúde explicou que não há como contabilizar o valor da dívida. "Neste momento não há como apurar o valor da dívida, por não ter expediente na administração Central no final de semana e feriado de Dia de Finados. Na terça-feira (03) será possível apurar valores", justifico.

Ela informou que tem contrato vigente, renovados recentemente, com o Hospital São Mateus e o Instituto de cardiologia do Distrito Federal (ICDF), que dispõem de 36 leitos de UTI para pacientes da rede pública. A pasta afirmou, também, que está em vias de assinar mais um contrato com outro hospital que permitirá ampliar a oferta de leitos para a assistência intensiva.

A secretaria esclareceu que do ano passado, até fevereiro deste ano, "foram encerrados os contratos com outros hospitais privados que também ofertavam leitos de terapia intensiva para a rede pública. As entidades optaram pela não renovação, devido a dívidas da gestão passada".

De acordo com o órgão, a rede dispõe de 353 leitos de UTI próprios, outros 11 na rede conveniada (HUB), além dos leitos na rede privada, totalizando 400.

Contratos

A Secretaria de Saúde informou, por meio de assessoria, que tem contratos vigentes, renovados recentemente, com o Hospital São Mateus e o Instituto de cardiologia do Distrito Federal (ICDF), disponibilizando 36 leitos de UTI para pacientes da rede pública.

Segundo a secretaria, do ano passado até fevereiro deste ano foram encerrados os contratos com outros hospitais privados que também ofertavam leitos de terapia intensiva para a rede pública, uma vez que as entidades optaram pela não renovação, devido a dívidas da gestão passada.

Os dados do órgão mostram que a rede pública dispõe atualmente de 353 leitos de UTI próprios, outros 11 na rede conveniada (HUB), além dos leitos na rede privada, totalizando 400. Esses leitos são controlados pela Central Única de Regulação da pasta, que encaminha os pacientes que aguardam uma vaga respeitando a classificação de risco e prioridade de cada caso, inclusive os judicializados.

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