postado em 02/11/2015 10:44
Quatro décadas se passaram, mas o tempo não foi suficiente para afastar os amigos de uma das primeiras turmas de medicina da Universidade de Brasília (UnB). O grupo com cerca de 100 médicos ingressou no curso em 1970 e se reúne, até hoje, para recordar os tempos de estudante e matar a saudade dos antigos colegas. Neste ano, eles prepararam uma programação especial para comemorar os 40 anos de formados. A turma, batizada de ;Barra 70;, passou o último fim de semana reunida. Visitaram a UnB, fizeram uma festa a fantasia, discutiram o futuro da profissão e homenagearam os professores da época.
Eles sempre marcam a festa com antecedência para garantir que todos estejam presentes, até os que não moram mais na capital. A média de idade é de 65 anos. Da turma original, 18 já morreram. Agora, pensam em tornar o encontro, que ocorre a cada cinco anos, mais frequente. ;A enorme maioria está viva. Mas, como alguns amigos têm viajado sem avisar para onde vão e não voltam mais, tem gente que quer fazer o encontro de três em três anos;, conta o pediatra Jansen Melo.
O ponto alto do fim de semana foi a festa a fantasia, no Hotel Nacional. Todos entraram no clima e alugaram ou improvisaram suas fantasias. ;Impossível estarmos juntos e não nos divertirmos. São muitos anos de amizade, somos entrosados até na hora de fazer festa. Como todo mundo tem a mesma idade, ninguém pagou mico;, brinca Benedito Neto. Ele acredita que é raro encontrar uma turma tão unida há tantos anos. ;Nossa faculdade favorecia, fez com que nos uníssemos. A gente tinha aula de manhã, à tarde e, à noite, estudávamos juntos. Todos, até hoje, sabem os nomes completos uns dos outros;, diz.
Futuro da medicina
O encerramento do encontro, ontem pela manhã, começou com uma homenagem a três professores da UnB que ensinaram um pouco de medicina para a turma. Depois, discutiram o futuro da profissão. Um dos colegas especializou-se em genética e falou dos avanços dos estudos na área. ;Acho que nós não vamos pegar essa fase, mas estamos prestes a viver uma mudança de paradigma na medicina. Com a evolução da genética, poderemos ver as alterações que determinam as doenças que as pessoas têm tendência a ter. Vamos passar a ter um acompanhamento mais genético do que clínico. Foi muito legal discutirmos temas da nossa área, como ocorria 40 anos atrás;, conta Ana Maria Tillmann, endocrinologista.
Todos entraram juntos na faculdade em 1970. A turma, no entanto, se dividiu. Metade se formou no fim de 1975 e a outra, no meio de 1976. Não bastasse o coquetel na sexta-feira, a festa no sábado e as homenagens no domingo pela manhã, o pediatra Jansen Melo e outros três integrantes do Barra 70 saíram do encontro e foram almoçar juntos. Esse grupo mais restrito costumava se encontrar todos os meses. Nos últimos anos, eles não conseguiram manter a periodicidade, mas a amizade segue a mesma. ;A turma é muito unida, mas se dividiu, cada um tem seus compromissos. Fomos divididos pelo tempo, mas não no coração;, diz.