Após diversas críticas quanto ao posicionamento nas negociações, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) passou o dia reunido com representantes sindicais e sinalizou um avanço: pela primeira vez desde o início das greves, o socialista afirmou que pagará os retroativos dos reajustes salariais concedidos pela gestão Agnelo Queiroz (PT) a 32 categorias do serviço público. O GDF formará um grupo de trabalho para analisar como aumentar a arrecadação e começar os pagamentos em 2017.
O fator decisivo para o avanço é a apresentação de uma proposta. Os servidores estavam irredutíveis quanto ao recebimento dos retroativos ; no início do ano, a Justiça do DF decidiu, por 17 votos a zero, que os reajustes são legais. As paralisações ganharam mais força quando o Executivo anunciou os pagamentos a partir de outubro de 2016, sem incluir os meses passados. ;Vamos formar um grupo com os trabalhadores para saber de onde arrecadar e pagar os retroativos;, explicou o chefe do Executivo.
Pela manhã, a conversa com representantes de servidores como os do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), de funcionários das secretarias executivas e de empregados do Na Hora rendeu avaliações positivas. ;O governo assumiu a responsabilidade em pagar as quantias que deve. Outros pontos que não envolvem impactos no orçamento agradaram, como o compromisso de nomear concursados e manter licenças-prêmio;, relatou o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Direta (Sindireta), Ibrahim Yusef.
As melhorias de proposta refletiram na paralisação dos técnicos e auxiliares de enfermagem, que estavam acampados em frente ao prédio da Secretaria de Saúde, no fim da Asa Norte. ;Conseguimos conquistas do ponto de vista administrativo, como a implementação de um plano de carreira, mudanças na nomenclatura e criação de um cronograma de pagamentos. Com isso, suspendemos a parada até a reunião, no dia 16, na qual esperamos novas propostas;, explicou o presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do DF (Sindate), Jorge de Sousa. Os servidores voltaram ao trabalho após 30 dias (leia quadro).
O Sindicato dos Servidores do Detran (Sindetran) também considerou a situação promissora. Os funcionários do órgão, porém, votaram pela manutenção da greve, por considerarem os avanços insuficientes. Apesar de não ter recebido novo convite para reunião com o governo desde a última assembleia, o Sindicato dos Professores (Sinpro) também entendeu o anúncio como importante. ;O compromisso em pagar os retroativos é o reconhecimento político da lei. Porém, acreditamos que 2017 esteja longe da expectativa;, avaliou Cleber Santana, diretor do Sinpro. A categoria se reúne na segunda.
Distritais
Mesmo com a boa recepção das propostas por parte dos grevistas, Rollemberg ressaltou, mais uma vez, a responsabilidade dos distritais. ;As medidas que encaminhamos à Câmara Legislativa são fundamentais para que possamos estabelecer cronogramas de pagamentos. Vale lembrar que algumas ações, como a venda de terrenos, geram uma receita imediata, mas os gastos com os salários são contínuos. Por isso, a necessidade de outras alternativas;, alertou o governador. Segundo ele, as matérias podem trazer mais de R$ 1 bilhão para os cofres públicos, se aprovadas pela Casa.
Há o entendimento entre os deputados, porém, de votar só propostas de autoria dos distritais, na próxima terça-feira. Segundo o líder da oposição na Câmara, Chico Vigilante (PT), as iniciativas com mais chances de chegar ao plenário são as de vendas de terrenos.
Sem acordo entre funcionários e diretoria, o Metrô-DF informou que manterá o regime especial de funcionamento durante a greve. Serão 15 trens disponíveis só nos horários de pico, das 6h às 9h, e das 17h30 às 20h30.
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