Cidades

Desocupação da orla será retomada; QL 10 do Lago Sul é o próximo alvo

Após um mês sem operação, Agefis anuncia reinício de derrubadas nas margens do Lago Paranoá. Seis áreas do Lago Sul e três do Lago Norte estão na mira da fiscalização

Isa Stacciarini, Alessandra Modzeleski - Especial para o Correio
postado em 12/11/2015 10:48
Depois de um mês sem operações na orla do Lago Paranoá, a Agência de Fiscalização (Agefis) promete retomar a segunda fase da desocupação da área na próxima semana. A QL 10, no Lago Sul, nas proximidades do Monumento Natural Dom Bosco, será o primeiro ponto a receber os fiscais do órgão.
Alambrados e grades foram retirados da orla
De acordo com o cronograma, a Agefis terá quatro meses para concluir essa etapa, após vistoriar 110 imóveis no Lago Sul e no Lago Norte. Em seguida, terá inicio a terceira fase, mais complexa, que englobará quase 20 pontos, incluindo o Pontão do Lago Sul. A previsão inicial era de retirar, no fim da operação, cercas e muros de 282 imóveis nas duas regiões administrativas. A notificação sobre o início da segunda etapa foi enviada aos moradores da região em 7 de outubro.

Além da QL 10, cinco áreas do Lago Sul serão visitadas, como a Área Vivencial 14/16 e o Parque Ecológico Anfiteatro Natural. Enquanto, no Lago Norte, três pontos estão programados (Veja quadro abaixo). Segundo a diretora-presidente da Agefis, Bruna Pinheiro, a expectativa para a segunda fase é de que 70% dos moradores já tenham recuado as cercas.
Estruturas retiradas da beira do Lago
;Da primeira vez, do total, somente cinco recuaram. Agora, acreditamos que será bem diferente e mais rápido. Se antes as pessoas não acreditavam que a operação aconteceria, agora elas têm certeza;, pontuou Bruna. Além de residências particulares, há embaixadas, casas de parlamentares e parques no perímetro de atuação, mesma situação que ocorreu na primeira fase.

No início da operação na orla, em 24 de agosto, os servidores derrubaram estruturas, como cercas de arame e alambrados, além de soterrar piscinas, que ocupavam área pública ; compreendida como os 30 metros a partir do espelho d;água. Além disso, os profissionais encontraram bombas clandestinas para capacitação de água do Lago Paranoá, fato considerado crime ambiental.
;É importante que as pessoas observem que não é só passar uma trena e recuar as cercas. Faz-se necessária uma análise topográfica, e todas as informações constam na notificação que os moradores recebem;, explicou a diretora-presidente.

Cercas vivas retiradas da orla
O presidente da Associação dos Amigos do Lago Paranoá (Alapa), Marconi Antônio de Souza, se diz preocupado com os desdobramentos da operação na orla. Segundo ele, a primeira fase foi desocupada e, passados três meses, o governo não colocou nada no local. ;O GDF deveria, inicialmente, cuidar das áreas abertas, abandonadas, sem o mínimo de cuidado. Ele não fez isso. Ao contrário, abriu novas áreas, que estão todas destruídas, cheias de entulhos jogados e apenas com fitas dizendo ser proibido o acesso.;
Marconi lamentou que os moradores sejam chamados de invasores. ;Alegam que ocupamos as áreas de forma mansa, em concordância com governos anteriores. Quem invade algo constrói naquele espaço. As casas do Lago Sul são escrituradas.;

Piscina encontrada em área pública
O Decreto 36.735, de 4 de setembro de 2015, que alterava a poligonal do Parque de Uso Múltiplo do Lago Norte de 28 para 35,3 hectares, perdeu a validade em 1; de novembro, após a publicação de um decreto da Câmara Legislativa Distrital (CLDF), de número 2.060. O texto publicado no Diário Oficial do DF, em 8 de setembro, tira a responsabilidade de administração da área do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e passa a tutela de administrar, manter e fiscalizar para a Administração do Lago Norte. Isso porque a área perde a classificação de parque e torna-se área comum.
Por e-mail, o Ibram confirmou a informação e esclareceu que retornam os efeitos do Decreto n; 23.315, de 25 de outubro de 2002. Esclareceu ainda que cabe aos órgãos ambientais, agora, apenas a supervisão do espaço. Segundo a presidente da Agefis, o GDF trabalha para republicar as poligonais.

Situação da orla após desocupação
Histórico

A retirada de construções ao longo da margem do Lago Paranoá, após ocupações indiscriminadas, fez parte da pauta de vários governos, com diversas determinações da Justiça para que o espaço fosse entregue à população, mas o cronograma de retirada teve início apenas na gestão de Rodrigo Rollemberg, como uma promessa de campanha do então candidato ao Buriti.
A questão sempre foi tratada com resistência por parte dos moradores da região, que, por diversas vezes, entraram com recurso para tentar atrasar o processo. O Plano Diretor de Brasília previa uso público de toda a orla do Lago Paranoá. Com o passar dos anos e com a especulação imobiliária, no entanto, a função inicial do espaço foi desvirtuada.

Confira onde será a segunda fase da operação

Lago Norte

Parque dos Escoteiros, SHIN EQL 4/6

Parque Ecológico das Garças

SHIN EQLs 11/13 e 13/15



Lago Sul

Área Vivencial SHIS QLs 14/16

Monumento Natural Dom Bosco

Parque Ecológico Anfiteatro Natural

Parque Ecológico do Bosque

Refúgio da Vida Silvestre Copaíbas

Refúgio da Vida Silvestre Garça Branca


Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação