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Brasiliense que criou app em Harvard fala do universo e empreendedorismo

Hoje, o aplicativo já está disponível para iOS no Brasil e nos Estados Unidos

postado em 12/11/2015 20:25

Hoje, o aplicativo já está disponível para iOS no Brasil e nos Estados Unidos

A ideia que a levou para Harvard surgiu de uma crise existencial, conta Jéssica Behrens, de 23 anos, estudante da Universidade de Brasília (UnB) que desenvolveu o aplicativo Tradr. A universitária ressalta que nem todo o caminho foi fácil. Jéssica conta a história de como fez sucesso com sua segunda start up em uma palestra realizada na UnB, ;Como o desapego me levou para Harvard;.

Mesmo com um emprego que parecia dos sonhos, a universitária, então no 7; semestre de comunicação organizacional, questionava se era isso que queria fazer da vida. Agora, ela vê que caminha mais para o lado da tecnologia do que i do curso que se formou. À época, estava desiludida com o empreendedorismo porque a primeira tentativa de abrir um negócio, um aplicativo em que o usuário descobre festas de acordo com seu gosto musical, não deu certo.

A ideia para o Tradr surgiu de um desafio que Jéssica descobriu na internet e resolveu participar: ela teria que se desfazer de um objeto pessoal por dia durante um ano. ;No final, você se desfez de 365 coisas e abriu espaço para outras na sua vida;, diz. Mas o mais difícil do projeto era encontrar alguém para receber as doações. A estudante distribuía para amigos, nos sinais de trânsito, nas paradas de ônibus. Então pensou: ;E se criasse um Tinder para produtos?;

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O crescimento da startup foi mais rápido do que os fundadores poderiam prever, mas Jéssica afirma que é preciso tomar muito cuidado: 92% desse tipo de empreendimento acabam em até três anos. ;Essa é a dicotomia das startups, você deve criar um negócio escalável mas pode falhar porque os recursos se esgotaram rápido demais;, afirma. O segredo de Jéssica? Errar o mais rápido possível. O fracasso é inevitável, segundo a brasiliense, mas, assim, ;você tem tempo de descobrir o que dá certo antes que o dinheiro acabe;.

Hoje, o aplicativo já está disponível para iOS no Brasil e nos Estados Unidos. A versão para Android fica pronta em 3 a 4 semanas. Jéssica afirma que planeja atualizações constantes para o Tradr, que deve ser ;gameficado; até março. Os usuários serão pontuados por trocas realizadas dentro do aplicativo e, com isso, poderão adquirir novos produtos.

De Brasília para Harvard

;Do dia que tive a ideia até o dia que estava lá em Boston a -30 ;C, foram só três semanas. Parecia surreal;, conta Jéssica. Ela não precisou fazer exames de admissão ou testes de inglês para conseguir um lugar em Harvard: ;Eles só pediram meu e-mail;. Antes disso, teve que passar pelo processo de triagem de projetos do Laboratório de Inovação da universidade e submeter um plano e modelo de negócios para avaliação.

O convite para participar do laboratório veio de dois estudantes de Harvard, o americano Eddy Lee e o israelense Zaki Djemal, ficaram sabendo da ideia de Jéssica por amigos em comum. ;Quando tiverem uma ideia, contem para todo mundo, para validar o produto e ver se existe mercado;, recomenda a estudante. Lee e Djemal conversaram com ela por Skype e fizeram a proposta. Hoje, eles são sócios-fundadores do Tradr e comandam a operação nos Estados Unidos, que já conta com investidores.

O teste do aplicativo foi feito no período conhecido lá como senior sales: estudantes veteranos vendem móveis, livros e eletrodomésticos para os calouros. Jéssica e os sócios acharam que seria a oportunidade perfeita, e deu certo. O Tradr achou seu espaço entre os universitários e o primeiro investidor.

Jéssica percebeu a diferença entre empreender no Brasil e no exterior quando teve que voltar para o país. Ela explica que lá fundou legalmente a empresa em duas horas pela internet; aqui,teria que esperar um mês. Além disso, a estudante explica que os investidores brasileiros são mais receosos e inseguros. Pela experiência de Jéssica, eles também esperam um retorno mais rápido que os americanos. Essa característica é, segundo a criadora do Tradr, o que torna a realidade do empreendedorismo no Brasil tão difícil. ;Lá, eles estão mais dispostos a correr riscos;, compara.

A jornada do herói
Desde os 12 anos, Jéssica estuda a teoria da Jornada do Herói, desenvolvida pelo especialista em mitologia Joseph Campbell. Segundo a teoria, todo herói começa a história em um mundo normal e depois é chamado para a ação, tendo a oportunidade de se desenvolver e viver experiências incríveis. ;Essa foi minha chamada para a aventura;, diz a estudante. Para ela, a jornada do empreendedor e a jornada do herói são a mesma coisa.

Apesar de ter pouca experiência no mercado, Jéssica já acumula dicas valiosas para quem tem uma ideia e quer empreender. Os segredos de Jéssica? Ela diz que há dois conhecimentos fundamentais para quem quer empreender:

1) Preste atenção na linguagem do universo. É o que a estudante chama de sincronicidade ou incidências, as dicas que a natureza dá, como uma bússola. ;Tive a ideia, alguém me escutou, foi exatamente na época que o edital de Harvard estava aberto. Essa série de coincidências me fez ter certeza que devia aceitar a proposta;, explica.

2) Pense com o coração. Na hora da crise existencial, a mente não ajuda muito, segundo Jéssica. ;Na crise, você perde o contato com o coração e só pensa com a mente, então pensa em muitas possibilidades, está sempre em dúvida e perde a confiança;, afirma. E mais: ;Você só vai sentir confiança quando descobrir algo que toca o coração, e aí você precisa viver essa experiência.;

A palestra de Jéssica Behrens fez parte da programação da 7; Feira de Negócios e Inovação do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da UnB. O evento também foi organizado pela Federação de Empresas Juniores do DF, a Concentro, pelo Tradr, pela Brasal, pelo Marco Zero e o projeto Escolas Empreendedoras.

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