Cidades

Nascidos no DF representam 50,3% da população, diz levantamento

Segundo especialista, o crescimento desse número era esperado, uma vez que Brasília "amadureceu" e a migração tende a diminuir

Otávio Augusto
postado em 14/11/2015 08:01

Cintya, Henrique e os filhos na Asa Sul: duas gerações com o perfil tipicamente brasiliense


A geração Brasília cresce a cada ano. O cenário da capital federal está bem diferente daquele que os pioneiros começaram a consolidar. Na década de 1960, o primeiro Censo Oficial do Distrito Federal contabilizou 140 mil habitantes na cidade. Quase a totalidade deles ; 93,6% ; era de pessoas de outros lugares do Brasil que vieram em busca de prosperidade. Sobretudo nordestinos, que somavam 58 mil. A região sonhada por Dom Bosco e Lucio Costa, e construída por Juscelino Kubitschek, agora se aproxima dos 3 milhões de moradores. Os nascidos aqui se tornaram maioria. Hoje, representam 50,3% da população.


O dado inédito na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem, comprova a tendência de estudos da última década. Apesar do crescimento, os genuinamente candangos enfrentarão complicações no mercado de trabalho.


A capital federal despertou menos interesse migratório no último ano. Grande parte disso se deve à ascendência do desemprego, à dificuldade de se gerar postos de trabalho e ao alto custo de vida da capital federal. Flávio Gonçalves, diretor de estudos e políticas sociais da Companhia de Planejamento (Codeplan), analisou os dados a pedido do Correio. ;O aumento da população nascida aqui era esperado. Quando uma cidade amadurece, cessa a migração. Mas se deve destacar que Brasília tem um alto custo de vida, e isso obriga quem procura uma vida melhor a se alojar no Entorno. O movimento que existe agora é de expansão familiar;, afirma o economista.

De fato, as famílias estão se ampliando na capital. A pesquisa revela que 66,6% das mulheres da cidade já engravidaram, sendo que 32,2% tiveram dois filhos. Mas a parcela feminina é duramente golpeada pelo mercado de trabalho, composta em maior parte por homens. Dos 70,58% da população pertencentes à classe economicamente ativa, 52,96% são do sexo masculino ; sendo que a faixa etária de 30 a 39 anos expressa a tendência de manter dois empregos.


;Essa realidade parte do empregador, que em um momento de crise prefere demitir mulheres devido aos benefícios legais a que elas têm direito. Assim, a licença-maternidade, por exemplo, se torna fator relevante. O que as empresas querem é gente que possa trabalhar; em contrapartida, as famílias precisam manter os custos obrigando o chefe da casa a trabalhar dobrado;, explica Jorge Fernando Valente de Pinho, especialista em mercado de trabalho e professor do departamento de administração da Universidade de Brasília (UnB).

Jovens
A faixa etária que mais procura emprego no DF são os jovens. A parcela de 18 a 39 anos está disposta a ocupar as vagas disponíveis no mercado. ;Os jovens são os que mais sofrem com o desemprego. As empresas apostam na experiência, na vivência e na capacidade a fim de ter um profissional que tenha habilidades para contornar a crise. É investimento no grupo de menor risco o que sairá a curto prazo vantajoso;, diz Jorge Fernando. Para o especialista, a estimativa é que a maré difícil se prolongue até 2017, o que puxará os salários para baixo e deixará a oportunidades mais escassas. ;Vamos continuar em queda livre. Não há confiança da indústria, comércio e da sociedade. Estamos vivendo um processo endêmico.; Apesar da previsão, o ganho na média de salarial chegou a 9,5%, na comparação com a Pnad de 2013, alcançando R$ 3.345.


O economista Flávio Gonçalves, diretor de estudos e políticas sociais da Companhia de Planejamento (Codeplan), explica que Brasília é sustentada pelo funcionalismo público, e que a economia é baseada em serviços e consumo. Isso, segundo o especialista, pressiona os salários para cima. ;Acredito que a migração vá reduzir, mas é preciso analisar os custos sociais disso. A cidade ainda atrai imigrantes com alta escolaridade, por exemplo. Contudo, as pessoas que moram aqui vão querer ficar aqui;, avalia.

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