postado em 16/11/2015 06:00
Joel de Assis se define como um protozoário. Um micro-organismo dotado de uma única célula: a arte. Metade carioca, metade brasiliense, Joel cresceu em meio a um cenário efervescente em vários âmbitos: político, social e, sobretudo, artístico. Viu Candido Portinari pintar os grandes painéis de Guerra e Paz; conviveu com Oscar Niemeyer e pegou ;condução; ao lado de Carlos Drummond de Andrade na Avenida Atlântica. O meio, aos poucos, definiu o que seria uma vida repleta de criações.
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Aos 84 anos, a criatividade e a lucidez lhe permitem ser antropólogo, sociólogo, escultor, pintor, escritor e o que mais ele quiser. Nas horas livres, ;gosto de procurar o que fazer;, responde. Joel mora em uma casa na beira do Paranoá, no Lago Norte. A residência é uma verdadeira galeria de arte, começando pelo projeto de uma das casas. ;Toda a parte urbanística e o próprio desenho da casa em estilo colonial fui eu quem fiz;, comenta o artista. Do jardim aos cômodos, em cada canto há uma obra. Seja dele ou de um amigo, seja de algo que tenha despertado o interesse de Joel, como o arcanjo do antigo Palácio Monroe, no Rio de Janeiro.
Joel de Assis veio parar em território brasiliense em 1962, pouco depois da inauguração da nova capital do país. ;E minha frustração foi não ter visto o Lago Paranoá seco;, comenta. A esposa foi transferida para trabalhar no Tribunal de Contas e o artista veio acompanhá-la. Em Brasília, frequentou festas importantes no Iate Clube e conheceu personalidades da vida política candanga. No entanto, ainda existe um saudosismo carioca registrado na varanda da casa, que segue o desenho do calçadão de Copacabana.
Expressão abstrata
Na entrada da residência, uma enorme escultura de ferro, com o desenho de um olho, denominada Ciclope, anuncia a imensidão do trabalho de Joel. Aos 15 anos, ainda no Rio de Janeiro, ele estudou no Liceu de Artes e Ofício e na Escola Nacional de Belas Artes. ;Tive uma formação acadêmica;, conta. No portfólio, o artista guarda os traços realistas do início da carreira: o nu e as faces humanas. Contudo, hoje, é com o expressionismo abstrato que Joel se identifica. ;É um trabalho meio lúdico, porque, se começar a raciocinar muito, perde a graça;, afirma. Para ele, seu processo criativo sofreu uma regressão. ;Comecei a pintar no branco, que é a presença total de luz; depois, passei para o fundo preto, a ausência da luz. Em seguida, experimentei o formato quadrado e as possibilidades de pintar na diagonal. Até chegar no circular, em que posso brincar;, explica.
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