Cidades

Estudantes de medicina são acusados de fraudar vestibular no DF, GO e MG

A Polícia Federal prendeu quatro universitários na manhã desta terça-feira (17). A PF também apura a participação dos estudantes em processos seletivos de instituições em Brasília e em Ouro Preto (MG), além do Enem em 2014

Isa Stacciarini
postado em 17/11/2015 15:26
Quatro universitários de medicina da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) são investigados pela Polícia Federal suspeitos de fraudar o último vestibular da instituição de ensino em 7 de novembro. A Superintendência da Polícia Federal de Goiânia também apura a participação dos estudantes em processos seletivos de instituições em Brasília e em Ouro Preto (MG), além das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2014. Eles foram presos na manhã desta terça-feira (17/11) em casa. Policiais também cumpriram mandados de busca e apreensão nas residências dos jovens que têm entre 19 e 23 anos. Ainda não se sabe quanto eles recebiam para participar do esquema.

O delegado regional de combate ao crime organizado da Polícia Federal, Jocenildo Cavalcante de Carvalho, explicou que o grupo agia para ter acesso ao conteúdo das provas. Eles são alunos regulares do curso de medicina e se inscreviam para participar do certame com o próprio nome. Os envolvidos faziam as provas e saiam rapidamente para passar o conteúdo a outros membros da organização que transmitiam os dados aos beneficiados.

No último vestibular da PUC-GO os estudantes fizeram a avaliação como candidatos para os cursos de administração e zootecnia. ;Durante o vestibular a equipe de fiscalização da PUC-GO identificou comportamento estranho de um deles que levou o recorte da prova. Isso burla o edital e levantou suspeita. A partir do levantamento da universidade, identificamos que além do candidato havia outros alunos de medicina tendo esse mesmo tipo de atitude;, esclareceu o investigador.
Operação

A operação denominada Gabarito, deflagrada na manhã desta terça-feira (17/11), teve o objetivo de desarticular a organização fraudulenta. Segundo o delegado, os envolvidos também participaram do Enem em 2014, mas não há como afirmar suspeita de fraude do processo nacional. Os presos foram encaminhados para a Superintendência da Polícia Federal de Goiás para depoimento. ;Eles precisavam se inscrever para o vestibular e fazer as provas para ter acesso ao conteúdo, mas ficavam na sala durante o período mínimo necessário para poder sair com o conteúdo e repassar as questões para outras pessoas que faziam as transmissões;, ressaltou o delegado.

A Polícia Federal trabalha, agora, para identificar os beneficiários e as outras pessoas que faziam parte da organização fraudulenta. ;Não há nenhum indício de funcionários das instituições envolvidos;, afirmou.
Os suspeitos vão responder por associação criminosa e fraude em processo seletivo de interesse público com dano a administração. Se condenados, podem pegar até oito anos de reclusão e ser penalizado com multa.
Penalidades

A vice-reitora da PUC-GO, Olga Ronchi, defendeu que a instituição detectou as suspeitas no dia da prova ainda durante o certame. ;Imediatamente a universidade nomeou uma equipe que fez o cruzamento de dados com uso de tecnologias da informação e rapidamente chegamos indícios de que havia um grupo se associando para, provavelmente, tentar fraudar o processo em curso;, alegou.

Segundo a professora, até o momento não há necessidade de suspender ou cancelar o vestibular. ;Vamos aguardar as investigações e se houver a comprovação da suspeita certamente a universidade tomará providências necessárias;, afirmou.

A vice-reitora ainda comentou que enquanto candidatos todos os quatro estudantes que fizeram as provas podem ser desclassificados, conforme previsto no edital. Como alunos de medicina, eles também podem ser penalizados. ;Se ficar comprovada a participação deles na associação para fraude os envolvidos serão enquadrados no regimento geral da universidade, além de poderem responder por medidas disciplinares e admninistrativas. Mas vamos aguardar, primeiro, a confirmação dos depoimentos;, explicou.

Em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disse não ter conhecimento de nenhuma fraude envolvendo o Enem. O órgão esclareceu que participou do processo de preparação, implantação e realização do certame em parceria com a Polícia Federal. ;Os envolvidos em qualquer tentativa de irregularidade no Enem serão eliminados do exame a qualquer tempo, conforme prevê o edital;, informou a nota.

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