Cidades

Marcha das Mulheres Negras termina com dois policiais detidos no DF

Um agente do Maranhão assumiu a autoria dos disparos e disse que fez isso para se proteger de manifestantes pró-ditadura

Luiz Calcagno
postado em 18/11/2015 18:09

Policial civil do Maranhão, Marcelo Penha exibe arma durante passagem da Marcha das Mulheres Negras na Esplanada dos Ministérios.

Dois policiais civis dispararam tiros para o alto durante a passagem da Marcha das Mulheres Negras pela Esplanada dos Ministérios, no início da tarde desta quarta-feira (18/11). Os disparos aconteceram em meio a uma confusão entre manifestantes e geraram pânico e correria. Agente das forças de segurança do Maranhão, Marcelo Penha estava acampado no local junto aos manifestantes pró-ditadura militar. Ele já foi preso nas manifestações de 7 de Setembro, por invadir uma área restrita e, no último dia 13, ao se envolver em uma discussão com um PM reformado, também de outro estado, que guardava um arsenal de armas brancas e munição ilegais no carro.


O maranhense efetuou quatro disparos para o alto. Ele foi autuado pelo crime de disparo de arma de fogo e pagou fiança de R$ 790. O outro agente seria da corporação do DF e deu três tiros para cima. A presença do policial brasiliense no local e o motivo dos disparos ainda não foi esclarecida. Também detido, o servidor foi encaminhado à corregedoria da corporação. A Marcha das Mulheres Negras contou com 10 mil manifestantes de diversos movimentos. O protesto pacífico terminou de forma violenta.


A reportagem entrevistou Marcelo Penha na 5; Delegacia de Polícia (área central de Brasília) onde, detido, ele aguardava para prestar depoimento. Na versão do policial, integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) que participavam da marcha teriam jogado rojões contra os manifestantes pró-ditadura. Ele admitiu ter efetuado os disparos e disse que fez isso para se proteger.


Marcelo também negou conhecer o policial do DF, mas disse que o agente teria efetuado os disparos para se proteger. Um funcionário público que preferiu não se identificar disse ter visto o princípio da confusão e apresentou uma versão diferente para o Correio. Segundo a testemunha, havia poucos policiais militares no local e os manifestantes pró-ditadura é que teriam atirado o rojão, dado início à confusão que culminou nos tiros.

A deputada federal Érika Kokay (PT-DF), integrante da Comissão de Direitos Humanos, estava presente no ato. Em uma rede social, ela relata os momentos de pânico na Esplanada dos Ministérios e expõe fotos de mulheres do movimento ao chão. Há ainda fotos da prisão do suspeito e de uma das balas encontradas no local.

Grupos distintos
Dois grupos distintos de manifestantes estão acampados na Esplanada. Um pró-ditadura e outro a favor do impeachment da presidente da república Dilma Rousseff. O segundo acampamento pertence ao Movimento Brasil Livre. Um dos coordenadores, Renan dos Santos argumentou que os tiros não partiram do acampamento em que estava. ;Os integrantes da Marcha das Mulheres Negras se manifestaram por cerca de 30 minutos e foram embora. No outro lado da rua, se envolveram em uma confusão com o pessoal da intervenção militar e eles deram tiros para o alto. Nós vimos a correria, mas conosco não aconteceu nada. Nós estamos aqui para reivindicar o impeachment, e não a intervenção;, ressaltou.

Marcha
É a primeira vez que a marcha nacional acontece no Distrito Federal. O objetivo é reunir o máximo de organizações de mulheres negras, assim como outras entidades do movimento negro e mobilizar essas pessoas em homenagem aos ancestrais e em defesa da cidadania plena das negras brasileiras. Em 20 de novembro se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra.

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