Jornal Correio Braziliense

Cidades

Correio testa rede de wi-fi pública no DF: sinais instáveis ou inexistentes

Na maioria dos casos, os internautas reclamam de lentidão. GDF tem projeto para expandir o serviço

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A internet é descrita por especialistas como um meio democrático de acesso à informação. Contudo, quando se trata do alcance à população, ainda falta muito para que o benefício da tecnologia seja, de fato, pleno. Como uma melhoria para a Copa do Mundo, o governo anterior iniciou, em maio do ano passado, a instalação de equipamentos para disponibilizar a internet sem fio em pontos centrais de Brasília. Por isso, antenas foram colocadas no Estádio Nacional Mané Garrincha, na Rodoviária do Plano Piloto, na Torre de TV e no Parque da Cidade. Na semana passada, o Correio esteve nesses locais para verificar o funcionamento da rede wi-fi e constatou que, mais de um ano após a iniciativa, a internet pública goleia de 7 x 1 os usuários do DF (veja mapa).


A primeira tentativa de conexão ocorreu no Parque Nicolândia. Do estacionamento até os brinquedos, houve vaivém da rede. Na tela do smartphone, se mostrava constante a busca pelo acesso. Em outro ponto da área de lazer, no antigo Pedalinho, a opção nem sequer estava disponível. Poucos metros adiante, na Praça Eduardo e Mônica, a situação se repetia. Perto dali, no estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha, a rede aparecia, mas acompanhada do aviso ;não foi possível conectar-se;. Após 15 minutos de tentativas constantes, houve êxito uma vez, mas não demorou muito para que o sinal sumisse novamente.

A terceira parada foi na Torre de TV. Na feira de artesanato, o serviço ganhou elogios dos comerciantes. ;Desconheço qualquer problema. Usamos normalmente para baixar vídeo, enviar e-mail, o dia inteiro, pelo wi-fi;, conta Sandro Castro, dono de uma loja de roupas. A satisfação, no entanto, muda à medida que o visitante caminha pelo espaço. Quem quiser fotografar a vista de cima da Torre, por exemplo, subirá as escadas e, assim, se afastará do roteador, instalado bem próximo ao estabelecimento de Sandro. Com isso, a internet para de funcionar e, só quando retornar à feirinha, poderá postar a imagem nas redes sociais.



O principal problema enfrentado pelos internautas na Rodoviária do Plano Piloto é a lentidão, causada, possivelmente, pelo grande fluxo de internautas. A reportagem clicou um site que informaria os horários das linhas do metrô e esperou das 13h32 às 13h52, sem acesso. ;A internet aqui é muito devagar. Acho que é pela quantidade de gente que usa, tanto que, no fim de semana, geralmente é mais rápido;, diz Luzia Ribeiro, que trabalha em uma lanchonete da plataforma inferior. Em abril, o metrô instalou internet nas estações Central, Galeria, Feira e Águas Claras. À época, o presidente da empresa, Marcelo Dourado, informou que a previsão era de que o serviço fosse estendido a todas as 24 estações até agosto. A assessoria de Comunicação da Metrô-DF, no entanto, comunicou que a nova data é até 2017.




Fiscalização
Na visão do coordenador do curso de ciência da computação do UniCeub, Paulo Rogério Foina, há várias possíveis causas para os problemas verificados na internet wi-fi pública do Distrito Federal. Uma delas, segundo ele, é a recente experiência de técnicos brasileiros sobre o assunto. ;As redes abertas de dados, sejam governamentais, sejam colocadas em restaurantes, bibliotecas e escolas, começaram a aparecer nos últimos cinco anos. Os especialistas não sabem como os usuários brasileiros usam o serviço;, acredita. Outra probabilidade é a mudança de perfil de internautas, que passaram a demandar mais da internet. ;Classes mais baixas passaram a ter smartphones e passaram a usar essas redes. Era um grupo que não consumia esse serviço. Isso faz com que os modelos que existem sejam insuficientes;, explica.

Para o professor de engenharia de redes da comunicação da UnB Rafael de Sousa, implantar uma internet pública de qualidade não é difícil. ;O equipamento e o modelo existem. O problema está, a meu ver, em dois pontos. Primeiro, está mal dimensionado. Aí, vem a segunda parte, que é gerenciar a rede. Você tem de verificar tudo o que está ocorrendo, como falhas, aumento de usuários e mudanças de aplicações;, analisa.



Rafael avalia que a fiscalização após a instalação é uma tendência mundial; para isso, sugere que a responsabilidade ; atualmente, delegada ao próprio GDF ; seja do Tribunal de Contas do DF. ;Como parte da governança, vem o processo de auditoria e de verificação de qualidade. Na situação em que se encontra a coisa, na minha opinião, deveria ter uma secretaria de fiscalização de tecnologia da informação do TCDF, porque ele é órgão assessor ligado à Câmara Legislativa, que representa o povo;, propõe.

Implementação
A Casa Civil informou que ;a cobertura nos locais onde está implementado o projeto não é ubíqua, ou seja, o usuário precisa estar a uma distância mínima (um raio de aproximadamente 200m) do mastro com os equipamentos de wi-fi ou do ponto de acesso. O usuário deverá identificar em seu dispositivo a rede GDF_Sinal Livre e acessá-la, sem necessidade de senha.; Além disso, a Secretaria Adjunta de Ciência, Tecnologia e Inovação, responsável pelo projeto, tem disponível um sistema de monitoramento da rede que acusa qualquer indisponibilidade e permite acompanhar seu uso por localidade. ;Pelo feedback de usuários e testes de velocidade de rede realizados pela Secretaria Adjunta, temos resultados excelentes para velocidade, sendo considerada muito rápida. A infraestrutura de rede atualmente implementada (...) permite que o projeto seja expandido, inclusive a regiões administrativas e a todas as estações do metrô, entre outras possíveis localidades.;