;Está cada dia mais difícil conseguir um emprego;, desabafa Renildo Brito, 30 anos. Há quase um ano, o morador de Ceilândia foi demitido da empresa para a qual trabalhou durante dois anos, como pedreiro nas obras do Expresso DF Sul. ;As obras foram finalizadas e boa parte dos empregados foram desligados;, lembra. A situação dele é a mesma que a de muitos na capital do país. A taxa de desemprego total no Distrito Federal aumentou pela terceira vez consecutiva. Os últimos dados apontam que o índice passou de 14,6%, em setembro, para 15,1%, em outubro, atingindo 230 mil pessoas sem carteira assinada na localidade. O número representa 5 mil brasilienses a mais sem ocupação, em relação ao mês anterior.
O índice é o maior para o mês desde 2008, quando chegou a 16% na capital do país. Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego e Desemprego (PED) divulgados ontem pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e Secretaria de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. O relatório também registra que, ao todo, 20 mil postos de trabalho foram fechados nos últimos três meses. O resultado é decorrente da saída 15 mil pessoas da População Economicamente Ativa (PEA), que representa aqueles que estão há 10 anos ou mais incorporados ao mercado de trabalho.
O aumento do desemprego nesse período é visto como preocupante, uma vez que é nessa temporada que há contratações temporárias no comércio. ;Esperávamos a criação de vagas no comércio, mas a sinalização é de retração por parte dos empresários, em virtude da crise econômica, que começa a também apresentar o fechamento de vagas no DF;, disse o presidente da Codeplan, Lúcio Rennó. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio/DF) estima que a contratação de trabalhadores temporários para atuar no comércio brasiliense durante o Natal será menor, em comparação com 2014. De acordo com levantamento feito pela entidade, 23,5% dos empresários farão contratações temporárias, enquanto no ano passado, na mesma época do ano, o índice era de 34,3%. ;Os empresários estão desconfiados em relação à economia. Não sabem se contratam ou melhoram o estoque;, explicou o presidente da Fecomércio, Aldemir Santana.
O setor de serviços foi o que mais apresentou queda no número de postos de trabalhos, com a demissão de 13 mil pessoas. A indústria de transformação que abrange gráficas, bebidas e alimentação demitiu 6 mil trabalhadores e a administração pública exonerou 3 mil comissionados tanto no governo local, como o federal. ;As pessoas estão dispensando alguns serviços e também deixando de consumir por medo de se endividarem no futuro em razão da crise econômica. No setor público, as reestruturações no governo também contribuíram para o índice de desemprego no DF;, justificou Rennó.
Para o secretário adjunto do Trabalho, Thiago Jarjour, a situação é preocupante devido ao momento de retração entre os empresários. ;Temos tentado implementar um ambiente de empreendedorismo para que o desemprego não cresça muito por aqui. Esperamos que, no próximo mês, o desemprego caia um pouco com as contratações temporárias. Mas sabemos que não será como nos outros anos em que houve muitas vagas temporárias;, explicou.
Carteira assinada
Desempregados há um ano, Gidenaldo Pereira Lacerda Santos, 33 anos, e a mulher dele, Lucinete Lira de Sousa, 35, compareceram ontem à unidade da agência do Trabalhador, na Asa Sul, em busca de um novo emprego. Ele trabalha como pintor informal e ela, como empregada doméstica. Desde que foi demitida, não conseguiu assinar a carteira. ;As coisas pioraram muito, pois fazemos um orçamento de pintura, mas ninguém quer pagar à vista e choram por desconto. Estou tentando procurar um emprego fixo, mas está muito difícil;, reclamou o pintor. ;Temos três filhos e a situação está apertada;, desabafou Lucinete.
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