Era uma vez uma cidade que se tornava cada vez mais interessada pela leitura. Brasília chama a atenção pela cultura de espalhar a paixão pela literatura e incentivar públicos de todas as idades a gostarem de ler. A pedagoga Silvana Kronemberger, 40 anos, é uma das brasilienses apaixonadas por livros, principalmente os infantis. Desse amor, veio a iniciativa: ela criou uma página nas redes sociais para falar das experiências no universo literário e da importância do estímulo à leitura, em casa, com os filhos, além de dar dicas.
Com amigas, também desenvolve uma série de atividades para crianças e adultos, como piqueniques e cirandas literárias. A paixão começou antes da chegada dos trigêmeos Caio, Camila e Carla, de 4 anos. ;É muito importante que os filhos comecem a ter contato com a literatura desde bem novinhos. A gente não força, deve ser algo divertido e natural;, ensina.
Ao lado de Silvana está a ilustradora de livros infantis Gisele Federizzi Barcellos, 39, outra incentivadora. A gaúcha criou um site com sugestões de livros com o objetivo de fazer a família passar mais tempo junta. Gisele chegou a Brasília há dois anos. ;Existem várias estações culturais em que as pessoas pegam e colocam livros, o que achei fantástico. O povo tem a cultura de ler, de comprar livros, de ir a sebos e livrarias. Nos outros lugares, a população lê muito por obrigação, mas o brasiliense lê por diversão;, acredita. Os filhos dela ; Cássio, 11 anos, e Cecília, 9 ; seguem o exemplo da mãe. Na casa da família, há mais de mil livros. O menino se destaca: escreve análises literárias de livros ilustrados por Gisele.
Contadores de histórias
;O encantamento da contação de histórias vem do encantamento do olhar de quem ouve.; A frase é da professora aposentada Stela Maris Papa, 60 anos, contadora de histórias e integrante da Associação Amigos das Histórias. A entidade existe em Brasília há 20 anos. São cerca de 60 pessoas que contam histórias em creches, orfanatos, asilos, hospitais e promovem vários eventos, como saraus literários. Além disso, em três anos, a Associação doou 1,4 mil obras.
O fundador, William Reis, sempre foi apaixonado pelas narrativas. Para ele, ainda existe em Brasília uma carência no incentivo à leitura e em ouvir histórias. ;Quando estamos nos apresentando aparecem as crianças, mas, logo depois, chegam os pais e se interessam. A partir do momento em que ouvem, todos têm vontade de ler. Por isso, temos zelo de como contar, para levar vida, cor, palavras, histórias. O nosso público-alvo são pessoas de até 150 anos;, brinca.
Na sede da associação há painéis coloridos, máscaras, bonecos, entre outros apetrechos voltados, especialmente, para difundir a cultura literária. Entre as ações, a partir de 5 de dezembro, ela promoverá a Caravana Literária, que passará por 70 creches, parques e escolas do DF.
Para a professora e contadora de histórias Maristela Papa, 45, também da Associação Amigos das Histórias, as pessoas leem bastante em Brasília. ;Quando a gente vai contar uma história, a pessoa fala que já ouviu falar, já leu. Eu também percebo que as crianças têm gosto por ler. O acesso aos livros é bom, mas eles deveriam ser mais baratos;, opinou.
Natal
O livro certamente é uma boa opção para presente de fim de ano. Em momentos de crise, vários setores no DF apresentaram queda nas vendas, mas, no da literatura, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Escritório, Papelaria e Livraria do DF (Sindipel), José Aparecido Freire, há uma estabilidade em relação ao ano anterior. Existem cerca de 200 livrarias na capital. A gerente da livraria Dom Quixote, Rosana Oliveira, acredita em um aumento de 3% nas vendas até o Natal. ;Nós brincamos dizendo que este ano será o das lembrancinhas; então, os livros são boas opções;, disse.
No Sebinho, na 406 Norte, existe uma sessão de livros como sugestões de presentes. O ponto se destaca em Brasília há 30 anos. Além de vender livros novos e usados, promove lançamentos de autores, cursos de literatura e rodas de leitura. O funcionário Hugo Lacerda se apaixonou pela leitura desde que começou a trabalhar no local, há 7 anos. ;Crianças de 9, 10 anos já procuram livros mais elaborados, que seriam para um público mais velho. Os livros estão atingindo todas as idades;, avaliou.
A psicóloga e psicopedagoga Eika Globo Junqueira defende que a leitura é importante para o desenvolvimento das crianças e ajuda a fortalecer o vínculo entre pais e filhos. ;A criatividade, a sequência lógica, a fantasia que os livros proporcionam, tudo isso é importante para o desenvolvimento. As famílias hoje trabalham o dia todo, esse momento da leitura é importante para mostrar o cuidado com as crianças;, explicou.
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