Nathália Cardim
postado em 01/12/2015 07:16
Que o mundo está cheio de problemas difíceis para resolver, todos sabem. Em vez de somente procurar culpados e apontar soluções sem tomar uma iniciativa, você já parou para pensar que pode contribuir de alguma forma para que essa realidade mude? Hoje é um bom dia para refletir sobre isso. Em mais de 20 países, inclusive no Brasil, celebra-se o Dia de Doar. Tudo começou nos Estados Unidos há alguns anos, onde foi batizada de Giving Tuesday, que seria a primeira terça-feira de dezembro, logo após o Dia de Ação de Graças, comemorado na última quinta de novembro. Por conta disso, o dia muda de um ano para o outro.
No Brasil, chegou recentemente e recebeu o nome de #diadedoar. A data ainda é pouco conhecida entre os brasilienses, mas, com o fenômeno das redes sociais, a tendência é que as experiências bem-sucedidas se disseminem e inspirem cada vez mais pessoas a se mobilizarem em prol da solidariedade. A campanha é encabeçada pelo Movimento pela Cultura da Doação e operada pela Associação Brasileira de Captação de Recursos (ABCR). E conta com a adesão formal de mais de mil organizações da sociedade civil, empresas, instituições públicas e pessoas comuns de todo o país. No site www.diadedoar.org.br, é possível encontrar vários exemplos do que já foi feito no Brasil e o que se planeja fazer.
#diadedoar
Com a adesão, essas instituições registraram no site seus planos de ação para o Dia de Doar. Porém, esperam-se muito mais ações. A ideia é doar para uma causa favorita, para os amigos, vizinhos e para quem não conhece. Vale tudo: dinheiro, tempo, ajuda, carinho, trabalho, abraços, alimentos, brinquedos, sangue e o que mais estiver ao alcance das pessoas. Todo mundo pode participar.
Para um dos maiores defensores da cultura de doação no Brasil, fundador da ABCR e presidente do Instituto Doar, Marcelo Estraviz, o Dia de Doar é uma data simbólica que serve como provocação, um esforço concentrado para que mais pessoas se mobilizem pelo bem social. ;O ato de doar deve fazer parte do nosso cotidiano. É essa experiência que a gente quer trazer para as pessoas. Com pequenas ações cotidianas, a gente muda o mundo. Fazer uma doação de sangue parece pouco, mas quando você vê os resultados, quantas pessoas tiveram as vidas salvas por causa da doação, a sensação de protagonismo é muito forte. Faz muito bem para quem doa, não só para quem recebe. Causa uma sensação de pertencimento, você se sente grato pela oportunidade de fazer aquilo;, reforça Estraviz.
Ele destaca ainda que o Brasil tem mais de 35 milhões de doadores, segundo pessoas. E, somadas as contribuições de pessoas físicas, são R$ 5,5 bilhões por ano. ;É um número muito significativo. O dinheiro pequeno das pessoas comuns, somado, é muito maior do que empresas doam em ações de filantropia;, observa Estraviz. ;Com mais estímulo, é possível dobrar esse número e conseguir mais R$ 5 bilhões para o segmento social. O deficit brasileiro hoje é de cerca de R$ 30 bilhões. Conseguimos um sexto disso só com a força das pessoas normais doando pequenos valores. Com um gesto simples, trazemos recursos de forma distribuída para onde mais se precisa, que é a área social;, avalia o escritor e ativista.
Com o objetivo de transformar a vida de algumas pessoas para melhor, o Instituto Fight For The Poor (F4TP) abraçou essa ideia e decidiu realizar campanhas para incentivar o #diadedoar. Criado por jovens com idades entre 21 e 27 anos, o grupo atua há três anos e meio em projetos sociais buscando engajar outros jovens na realização de suas ações para promover o desenvolvimento pessoal de cada um deles e o da comunidade na qual estão inseridos.
O administrador e vice-presidente do F4TP, André Luiz Figueiredo Collier, 27 anos, disse que o intuito do grupo é unir o financiamento coletivo com projetos sociais. ;Queremos ser uma ponte entre aqueles que podem ajudar e os que precisam de ajuda. Na data de hoje, vamos desafiar os nossos voluntários para que façam as suas doações e incentivem as outras pessoas também;, afirma. ;No momento, estamos com uma campanha de doações de água mineral que serão levadas às famílias de Minas Gerais após a tragédia em Mariana. A campanha começou tímida e acabou tomando uma proporção muito maior do que a gente imaginou. Estamos muito felizes;, completa.
Princípios e valores
Além disso, atualmente o Instituto F4TP atende três creches em Brasília e a comunidade da Cidade Estrutural com doações regulares, reformas e ações voluntárias buscando levar princípios e valores às famílias atendidas. ;A alegria de ajudar é muito forte. Depois de fazer uma vez, não tem volta. Nós precisamos continuar. É muito gratificante ver os sorrisos, a alegria e a felicidade dessas pessoas;, relata André. Quem quiser ajudar pode entrar em contato pela página do grupo na rede: https//www.facebook.com/fight4thepoor.
Aos poucos, quem convive com a arquiteta Aline França de Assis Magalhães, 32 anos, começa a se envolver com ações de solidariedade. Há pelo menos 12 anos, ela se dedica ao próximo em diversos projetos de caridade. ;É bacana. Há pessoas que nunca se importaram com isso, mas, ao ouvirem algum comentário sobre a última doação ou algo assim, decidem participar. É sempre uma boa surpresa quando alguém próximo aparece com algo para doar;, diz.
Aline também mobiliza os amigos e a família para participarem. ;Se doar é a maior forma de gratidão que podemos ter. Este ano, eu, o meu marido e os meus pais pedimos de presente no amigo-oculto de Natal, cestas básicas, roupas e brinquedos para doarmos para famílias necessitadas. Também estamos engajados em conseguir material de construção e verba para a obra do Centro Social Santa Clara, que está sendo construído na Estrutural. A gente sempre acaba ganhando o que não precisa e por isso resolvemos tomar essa atitude. A satisfação de ajudar é um dos melhores presentes que se pode ter.;
Serviço
Corrida Doar 10k
Data: Domingo (6/12), às 8h
Local: Eixão Sul (altura das quadras 106/107 Sul)
Percursos: 5km e 10km
Valor da inscrição: R$ 70
Inscrições até as 23h59 de hoje, em www.doar10k.com.br
O valor arrecadado será revertido para projetos sociais
Vagas limitadas
Doe para o Jovem Repórter
Dê a oportunidade para mais jovens participarem do curso realizado pela Fundação Assis Chateaubriand. As
doações variam de R$ 25 a R$ 450.
Para saber como contribuir, acesse www.facbrasil.org.br ou www.facebook.com/fundacaoassischateaubriand.