Cidades

Anfiteatro da UnB é pichado com manifestação contra deputado Eduardo Cunha

As palavras #ForaCunha foram escrachadas no quadro do espaço, usado como sala de aula, e em uma das paredes do local. A coordenação geral do Diretório Central dos Estudantes da UnB (DCE/UnB) esclareceu que o ato ocorreu na madrugada do último sábado. Decanato de Extensão e prefeitura do câmpus investigam o caso

Isa Stacciarini
postado em 02/12/2015 18:27
Anfiteatro foi pichado no último sábado, segundo o DCE
Uma manifestação contra o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDF) ficou estampada em forma de pichação em um anfiteatro do Instituto Central de Ciência Sul (ICC) do campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB), conhecido como Minhocão. As palavras #ForaCunha foram escrachadas no quadro do espaço, usado como sala de aula, e em uma das paredes do local. A coordenação geral do Diretório Central dos Estudantes da UnB (DCE/UnB) informou que o ato ocorreu na madrugada do último sábado. O Decanato de Extensão garantiu que servidores e funcionários têm buscado pistas sobre os suspeitos. Pichação é crime e prevê detenção de três meses a um ano, além de multa.

O ato gerou insatisfação entre a comunidade universitária. Embora alunos e professores considerem a manifestação legítima, ambos criticam a degradação do espaço público. Um dia depois da ação, o DCE publicou uma nota de repúdio na própria página do Facebook. Até a tarde desta quarta-feira (2/12) o texto tinha 429 curtidas e 24 compartilhamentos. Entre os estudantes a suspeita é de que algum grupo de alunos da UnB seja o autor da pichação. Por outro lado, o DCE pondera: acredita que tanto alunos quanto pessoas fora do ambiente universitário possam ter sido os responsáveis pela atuação.
A aluna Natália Sapucaia e o estudante Gabriel Vieira consideram a manifestação legítima, mas não do jeito que foi feita

Na tarde de ontem um professor da disciplina de cálculo tentava dar aula em meio aos rabiscos no quadro negro. Aluno de engenharia mecatrônica, Gabriel Vieira, 18 anos, e a colega Natália Sapucaia, 17, estudante de engenharia química, se assustaram ao se deparar com as pichações no anfiteatro. Para ele, o ato de vandalismo gerou incômodo. ;Em uma universidade pública chegar alguém e fazer isso é uma destruição do patrimônio. Essa é a primeira aula que temos depois da pichação. A ideia da manifestação é boa, mas não do jeito que foi feita;, defendeu. Na visão de Natália, a expressão prejudica alunos e professores. ;Falta respeito, porque o professor faz uso desse equipamento e os alunos também. Já picham paredes e quadros fora da sala de aula;, lamentou.
Os estudantes Jhonatan Rosário Ferreira e Bruno Rodrigues Caputo repudiaram o ato de vandalismo

Aluno do 3; semestre de economia, Jhonatan Rosário Ferreira, 21 anos, também não aprovou a conduta. ;Na minha opinião, quem fez isso é um sem noção. Prejudica todo mundo, atrapalha aluno, professor e funcionário. Fica ainda mais difícil ler o que está no quadro;, reclamou. O colega, estudante do 4; semeste de ciência da computação, Bruno Rodrigues Caputo, 24 anos, avaliou que a ação perde a legitimidade quando se degrada o patrimônio público. ;Provavelmente um aluno tenha feito isso com intuito de se manifestar, mas o ato perde o sentido quando isso acontece;, ressaltou.

Repúdio
O coordenador geral do DCE, Victor Aguiar, 22 anos, esclareceu que a gestão atual defende a política por meio de vias institucionais, mas, segundo ele, a manifestação como aconteceu não atinge o fim que se propõe. ;Ela é legítima, mas aconteceu de forma reprovável, porque deteriora o patrimônio público e prejudica a todos. Repudiamos essa ação. A administração do campus já foi acionada. É necessário criar uma conscientização entre as pessoas;, defendeu.

A decana de Extensão, Thér;se Hofmann Gatti, explicou que a prefeitura do câmpus apura com porteiros e vigilantes em que momento o ato de vandalismo aconteceu para verificarem se conseguem identificar os suspeitos. ;Esse é um dano ao bem público. Não sobra espaço físico na UnB. Nós temos um aumento grande de alunos e o anfiteatro é muito utilizado. Quando picham um quadro, além de degradar o ambiente, gera um custo a mais para a universidade, porque é um espaço viável que era utilizado como sala de aula;, esclareceu.

Segundo ela, para retirar as pichações é utilizado um produto químico mais agressivo e, além do prejuízo público, funcionários da limpeza são expostos a uma condição de trabalho extra e uso de materiais mais fortes. ;A remoção será feita o mais rápido possível, mas não se usa material de limpeza comum para isso. É necessário alguma espécie de solvente e isso só pode ser feito no intervalo entre as aulas, mas a limpeza interessa a todos;, destacou.

A professora reforçou, ainda, que o responsável pode ser punido. ;Existem sanções tanto dentro da legislação da universidade quanto no âmbito do dano ao patrimônio público. Um aluno não deixa de ser cidadão. As leis são as mesmas. Após o caso devidamente apurado, dando amplo direito ao contraditório, o mínimo a se fazer é o autor ressarcir ao erário o custo da limpeza;, acrescentou.

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