Cidades

ONG de Samambaia promove baile de debutantes para 15 meninas

Os voluntários farão no sábado, às 20h, a grande festa, por meio do projeto Sonho de Princesa

postado em 03/12/2015 06:06

Foto oficial com as 15 participantes e os voluntários: direito a salão de beleza, vestido, música, bolo e bufê


Para muitas meninas, a festa de 15 anos é a realização de um sonho. Poder ter um dia de cuidados no salão de beleza, escolher um penteado, uma maquiagem e usar um vestido de princesa é a chance de viver um momento único na vida. Entretanto, nem toda jovem tem a oportunidade. Voluntários do movimento Força Ativa da Mulher (FAM), de Samambaia, se juntaram para dar essa chance a um grupo de meninas. Farão, no sábado, às 20h, a grande festa de debutante de 15 garotas, por meio do projeto Sonho de Princesa. Será um evento também para as famílias, com direito a dança, bufê completo e um book de fotos.

Tudo será feito com muito carinho. Até porque os recursos são poucos. A ONG não tem ajuda do governo nem de empresários. Realizará o evento após arrecadar dinheiro com rifas, feijoadas e galinhadas promovidas nas cidades. As meninas também ajudaram no processo. Afinal de contas, vale tudo por um sonho. ;Acho que vai ser um dos dias mais especiais da minha vida;, resume a estudante Carol Lima da Silva, 15 anos, completados em 8 de agosto. A menina, que só teve até hoje duas festas de aniversário, aos 2 e aos 10 anos, não vê a hora de ganhar, ao lado da família e dos amigos, a mais importante das comemorações. ;Aqui em casa, somos sete filhos, sendo seis meninas. Eu sou a caçula. Nenhuma teve festa de 15 anos. Agora, será meio que a realização do sonho de todas nós;, contou Carol.

A jovem mora em Santo Antônio do Descoberto, com a mãe, dona de casa, e o pai, pedreiro. O desejo de ter um evento pelos 15 anos já havia esmorecido. ;O sustento vem do meu pai. Minha mãe cuida da casa. Não temos muitas condições. Sempre fizemos um churrasco, com um bolinho, para não passar em branco;, lembra Carol. Assim também sempre foi na casa da Estéfane Vieira Chaves Tavares, 15. A situação, hoje, está um pouco mais difícil. O pai, que se acidentou no trabalho, está afastado pelo INSS. A mãe é dona de casa. ;Eu sabia que as nossas condições não me permitiriam planejar nada. Mas eu sonhava.;

Estéfane contou com a irmã para conseguir entrar no projeto Sonho de Princesa. Mais velha, ela não teve festa de 15 anos e quis ver o sonho realizado por Estéfane. ;Já conseguiram um vestido, ajudei nos eventos para arrecadar dinheiro, escolhi um penteado e a maquiagem. Estou muito ansiosa. Eu e todas as meninas estamos muito felizes, pois, se fosse pelas condições dos nossos pais, não teríamos a festa. Estão fazendo tudo com muito carinho e atenção;, disse a estudante, moradora da M Norte, em Taguatinga.

O esforço vem de pessoas como a fotógrafa Letícia Costa Araújo, 18 anos. Ela foi convidada pelo movimento e aceitou na hora. O trabalho é quase todo voluntário. Letícia recebe um valor simbólico para os custos com gasolina e material fotográfico. O pagamento, segundo ela, é a felicidade das 15 famílias em ganhar o book com as fotos. Mais de 600 registros já foram feitos, e as meninas receberão tudo em um CD. ;Trabalho com múltiplos eventos, casamentos, aniversários, mas esse não é uma questão de trabalho. É uma oportunidade de fazer algo que envolve mais o lado sentimental. São 15 famílias. É algo muito mais gratificante, maravilhoso de poder participar.;

Movimento social
Criada há seis anos em Samambaia, a Força Ativa da Mulher (FAM) é presidida, curiosamente, por um homem, que achou importante mobilizar mulheres. O comerciante José Ferreira Passos, 57, mais conhecido como Serrinha da FAM, fez a primeira reunião em 23 de novembro de 2009. Na ocasião, 23 mulheres participaram. De homem, apenas ele e um cozinheiro. Por unanimidade, foi declarado fundador da ONG, hoje com mais de 2 mil mulheres registradas. ;O primeiro projeto dentro do movimento foi uma escolinha para mulheres que não sabiam ler nem escrever. Na época, tirava tudo do meu bolso: lápis, caneta, caderno. Eram mais de 40 mulheres idosas;, lembra Serrinha.

E o movimento cresceu. Hoje, promove projeto de leitura, oficina de artesanato, casamentos coletivos, hidroginástica, doação de sangue, encontro de mulheres e sonho de princesa. ;Não temos ajuda de ninguém. O que fazemos aqui é um verdadeiro milagre, pois somos incentivadores. Cai, levanta, mas desistir jamais;, comenta Serrinha. No sábado, dia da grande festa, cerca de 20 pessoas estão mobilizadas para fazer o evento. ;Vamos decorar o salão, servir coquetel, trabalhar na cozinha, na segurança, tudo voluntário. Mas vale muito a pena.;

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