Cidades

Encontro reúne primeiros moradores do acampamento de operários do Paranoá

Diferentemente de confraternizações passadas, a ocasião, porém, era tida como mais do que especial para a maioria dos presentes só porque, desta feita, conseguiu reunir velhos conhecidos que não se viam há mais de 50 anos

postado em 07/12/2015 06:05
Diferentemente de confraternizações passadas, a ocasião, porém, era tida como mais do que especial para a maioria dos presentes só porque, desta feita, conseguiu reunir velhos conhecidos que não se viam há mais de 50 anos
Primeiro, chegaram os mais antigos. À medida que o tempo passava, foi juntando mais gente. Por volta do meio-dia, uma centena de pessoas tomava parte da escadaria da igreja cuja história se confunde com a vida de muitos que ali estavam. Regado a memórias que remontam à juventude, o 2; Encontro dos Pioneiros do Paranoá reuniu, ontem, ao menos duas gerações que viram nascer a barragem e a usina erguidas no lago homônimo, com o intuito de garantir o abastecimento hídrico do Distrito Federal no início dos anos 1960. Organizada no Parque do Paranoá, a programação incluiu um almoço, que se estendeu até o fim da tarde, tempo suficiente para que alguns compartilhassem o passado por meio de muitas conversas e até álbuns de fotografias. Diferentemente de confraternizações passadas, a ocasião, porém, era tida como mais do que especial para a maioria dos presentes só porque, desta feita, conseguiu reunir velhos conhecidos que não se viam há mais de 50 anos.

Sem esconder o saudosismo, Carlos Secundo, 66 anos, idealizador do encontro, lembrou da época em que chegou ao local. ;Morávamos em um acampamento construído às margens do lago. Nossos pais trabalhavam na construção das duas obras. Hoje, depois de meio século, celebramos um grande congraçamento entre amigos sinceros, que se conheceram praticamente na infância;, ressaltou.

Entre o grupo, uma das recordações foi contada em caso de amor com final feliz. O protagonista desse enredo é o casal Raimundo Fernandes, 75 anos, e Luzia Fernandes, que começou a namorar na adolescência. E foi justamente ali, na Igreja São Geraldo, a segunda mais antiga do DF, onde o então rapaz se tornara seminarista, que o romance engatou. ;Eu frequentava a missa quando o conheci. Começamos a namorar e, quando fiz 18 anos, casamos no civil. Meses depois, voltamos para casar na mesma igreja na qual nos conhecemos;, lembrou Luzia, ao revelar um detalhe que, quiçá, diz ter sido obra do destino: ;O padre que celebrou a nossa união foi o mesmo que conhecemos ainda na adolescência;.

Ruínas

Além de ser um espaço de diversão nos fins de semana, o parque ainda guarda lembranças da construção de Brasília e do início da ocupação da cidade do Paranoá. O lugar abriga a Igreja São Geraldo, erguida em 1957 para atender os moradores do acampamento que trabalharam na construção da Barragem do Paranoá, e um parque infantil.


Reconstrução

Construída em 1957 e tombada pela Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico do DF desde 1993, a Igreja São Geraldo desabou em 2005, restando apenas a escadaria. O templo foi reconstruído e reinaugurado em maio de 2014.




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