Cidades

Palhaço faz campanha para arrecadar presentes e distribuir aos carentes

Para este ano, ele sonha em levar alegria a 20 mil meninas e meninos

postado em 13/12/2015 07:33
Um rosto jubiloso e um riso contagiante, apesar das dores que traz dentro de si. ;Todo palhaço carrega tristeza, mas eu procuro transformar a minha em alegria, fazendo crianças felizes;, conta Genilson Francisco Lopes, 39 anos, mais conhecido como o Palhaço Psiu. A história de Psiu como personagem começou há 19 anos, mas há 13, ela tomou um rumo que vai além da animação: o trabalho social. Genilson trabalhava em uma lanchonete, observava crianças de rua pedindo comida e sendo rejeitadas. ;Então, um dia, eu disse que faria alguma coisa por essas crianças. Decidi, naquele ano, fazer um Natal para elas, com ou sem condições. Pedi a um amigo para me arranjar 10 brinquedos. Quando ele me entregou, peguei um ônibus e distribuí. Para mim, foi uma felicidade tão grande. Eram brinquedos simples, mas a alegria que vi no rosto daquelas crianças não teve preço. No ano seguinte, prossegui com a ação e consegui 300 brinquedos. A partir daí, foi só aumentando.;

Há 19 anos, o palhaço Psiu desenvolve um trabalho social:  o próprio Genilson embala os brinquedos

Essa iniciativa virou campanha: a Psiu Noel Natal Feliz. A meta da ação, que, este ano, começou em outubro e termina em 20 de dezembro, é a arrecadar 20 mil brinquedos novos. Psiu, porém, pondera que é difícil conseguir apoio. ;Muitas pessoas prometem ajuda, mas, na hora, nada. Realizar um projeto social é muito difícil. Para ajudar o próximo, as pessoas tinham que sentir um pouco na pele. E eu já senti muito. Para mim, é a maior felicidade. Quando eu morrer, terão que me enterrar de palhaço.; Psiu acredita que, contando com o que as pessoas ainda vão doar, este ano, tem garantido uns 10 mil brinquedos para distribuir. Por mais que não consiga atingir o objetivo, o palhaço faz milhares de crianças felizes. Ele também ajuda crianças no Piauí e na Bahia, enviando brinquedos e até materiais escolares. Além disso, faz campanhas sociais em creches durante o ano inteiro.

Superação

A iniciativa de Psiu se liga intimamente à sua história. Quando ajuda alguma criança, é como se estivesse amparando a si próprio, quando ainda era menino. Genilson foi para um orfanato com os cinco irmãos quando tinha 5 anos. Morou lá até completar 18. A partir do momento em que foi deixado no abrigo, nunca mais recebeu a visita da mãe. ;Toda vez que chegava o Natal ou o Dia das Crianças, eu ficava muito triste, porque as mães iam visitar os filhos e a minha nunca aparecia. Eu sempre ia para o portão, na expectativa. Passei por muito sofrimento lá dentro;, relembra. Até os 14 anos, ele conta que seu desejo era ;matar as pessoas que faziam mal para as crianças;. Mas, um anjinho, ou melhor, palhacinho, apareceu: seu amigo imaginário ;Jack;. ;Eu conversava com ele toda vez que pensava em fazer besteiras. E comecei a falar para mim mesmo: um dia vou crescer, ser palhaço e fazer muitas coisas pelas crianças. Levar a minha alegria, ajudar crianças pobres para que elas não passem pelo que passei;, lembrou Psiu, emocionado.

O maior sonho do palhaço se chama Paraíso das Crianças Tio Psiu: um orfanato que ele deseja abrir. ;Hoje, existem muitos abrigos, mas o governo não sabe o que acontece lá dentro, é muita coisa errada. Eu quero montar um orfanato para dar o tratamento que as crianças realmente merecem.;

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