O combate ao Aedes aegypti se tornou primordial para a saúde pública. A dengue, a febre chikungunya e o zika vírus colocaram em xeque a capacidade do poder público de conter doenças, da população de assear seu ambiente e da ciência de desvendar o mistério dos avanços das infecções. Por enquanto, essa é uma peleja perdida. Os agentes de vigilância ambiental não conseguem vistoriar 30% das casas da capital federal. A cada 100 domicílios visitados, 30 estão fechados, abandonados ou os moradores não permitem a entrada dos profissionais. O índice está acima da média nacional, que é de 25% de resistência. Cerca de 80% dos focos estão dentro de casa. O DF notificou nove casos de microcefalia. Em um deles, a relação com o zika vírus foi descartada. Os demais são investigados. O mais recente em apuração é de uma bebê que nasceu no último domingo no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) com a cabeça medindo 31cm.
Este ano, são 9.406 infecções de dengue na cidade ; recuo de 18,68% em relação a 2014 ; e 25 mortes. A Secretaria de Saúde notificou 237 casos de febre chikungunya e confirmou 15 até novembro. No mesmo período, são 13 suspeitas de zika e duas constatações. Evitar o nascimento do mosquito é a principal frente de trabalho do Executivo local. Ontem, a primeira ação do Plano de Ação Para o Enfrentamento às Doenças Transmitidas pelo Aedes aegypti recolheu em Sobradinho 2, onde 718 pessoas tiveram a doença, 2,5 mil toneladas de lixo e objetos que são potenciais criadouros do inseto ao acumularem água.
A Subsecretaria de Vigilância Sanitária (SVS) realizou, em 2015, cerca de 2 milhões de visitas. Contudo, o número de agentes é abaixo do ideal para cumprir o cronograma de quatro inspeções anuais em cada casa. Atualmente, cerca 500 profissionais atuam num cenário para o qual seriam necessários 1,3 mil ; deficit de 61,5%. ;Os agentes passam, mas a intenção é que o legado fique. O trabalho dos moradores é essencial para que tenhamos sucesso nessa batalha;, ressalta o chefe de Prevenção à Dengue da Secretaria de Saúde, Ailton Domício. A ação de ontem contou com 500 pessoas, entre bombeiros, oficiais do Exército e agentes de saúde.
Na guerra contra o Aedes, o brasiliense tem usado repelente, telas protetoras e mosqueteiros. Contudo, se o combate não atacar os pontos de água parada, o governo promete castigar o bolso com multas que chegam a R$ 2 milhões. Ao todo, a Secretaria de Saúde notificou 30 pessoas este ano. Os reincidentes terão que desembolsar dinheiro. Na casa da funcionária pública Fernanda Monte Ribeiro, 28 anos, não há espaço para a procriação do mosquito. Ontem, ela reforçou a proteção com telas mosqueteiras nas janelas. ;Estão todos preocupados, mas só ficar em alerta não adianta. Temos que cuidar das nossas casas. Como tenho criança, eu me esforço o dobro e espero que os vizinhos também façam isso;, diz a moradora da Rua 8 de Vicente Pires, cidade que contabiliza 140 casos de dengue este ano. Em 2014, 56 pessoas tiveram a doença ; aumento de 150%.
Antônio Carlos da Silva Junior, dono de uma empresa de telas, garante que a procura pelo item cresceu 40%. Segundo o empresário, que atua no setor há 21 anos, nem em 1996, quando o DF teve um grande surto de dengue, a procura cresceu tanto. ;Temos vagas apenas paras janeiro. Não podemos realizar um serviço ruim para atender mais clientes.; Antônio Carlos alerta que Taguatinga e Vicente Pires são as regiões administrativas que mais demandam o produto.
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