Renato Alves
postado em 16/12/2015 10:01
A mãe das três irmãs trancadas sozinhas dentro de casa, em Luziânia, no Entorno, está impedida de visitar as crianças. Duas das meninas, de 7 e 2 anos, estão em um abrigo da cidade goiana vizinha do Distrito Federal. A mais nova, uma bebê de 4 meses, segue internada em estado estável. Ela apresenta quadro de desnutrição, por ter ficado sem comida e água por muito tempo.
Policiais militares e conselheiros tutelares resgataram as meninas no último sábado (12). Os policiais precisaram arrombar a porta da casa em que elas moram. Sozinhas por pelo menos 7 horas, elas estavam em um espaço sujo e sem nenhum cuidado.
Desde então, as crianças estão sob a guarda do Conselho Tutelar e assim permanecerão até uma definição do Juizado da Criança e do Adolescente. Enquanto um magistrado não dá o parecer, a mãe não poderá se aproximar das filhas. Para o Conselho Tutelar, não há dúvida que a mãe foi negligente.
As irmãs de 2 e 7 anos foram levadas a um abrigo e a bebê, que estava muito debilitada, ao Hospital Regional de Luziânia. O diretor da unidade, Willie Teles, contou que a neném chegou deu entrada na unidade de saúde pesando 2,3kg, o que é muito abaixo do peso ideal, que seria de 8kg. Ela apresentava um estado avançado de desnutrição, desidratação e alguns ferimentos, como assaduras.
Abandono
O caso é investigado pela Polícia Civil de Goiás, que chegou a pedir a prisão preventiva da mãe pelo crime de tentativa de homicídio. A Justiça, no entanto, considerou o caso como abandono de incapaz e negou o pedido. Com isso, a mulher segue em liberdade.
A mãe prestou depoimento na segunda-feira (14) e assumiu que era negligente com as crianças de forma esporádica. Ela contou ter se separado do marido há cerca de um mês e alegou não ter condições de contratar uma babá.
Ainda em depoimento, a mulher contou que outra irmã das meninas, de 4 anos, estava na casa da avó quando elas foram resgatadas pelo Conselho Tutelar. Elas e outros parentes devem ser ouvidos nos próximos dias.
A menina de 7 anos também foi ouvida pela polícia e revelou que a convivência com a mãe é difícil. Questionada se a mulher era cuidadosa, ela respondeu: "Mais ou menos. Às vezes ela me bate". A menina disse ainda que já passou noites sozinha com as irmãs: "Ela falava que ia sair e não voltava à noite".
Silêncio
Já a garota de 2 anos, segundo os policiais, não falou nada desde que foi resgatada pelo Conselho Tutelar. Não respondeu a nenhuma pergunta nem chorou.
A Secretaria de Desenvolvimento Social de Luziânia afirmou estar oferecendo todo o apoio às crianças e que também está disponível a ajudar a mãe das meninas.