Ana Dubeux
postado em 20/12/2015 11:27
Como metrópole que é, Brasília exige medidas pacificadoras a cada instante. Não são poucos os interesses contrariados de grupos que se colocam em posições diametralmente opostas. Um exemplo? Ciclistas e motoristas. Outro dilema: os que amam sentar num boteco, ouvir uma música ao vivo, ocupar os espaços públicos de Brasília e se divertir como se não houvesse amanhã estão em guerra com uma parcela da cidade que quer sossego, silêncio, ordem pública e respeito ao descanso alheio e à saúde. É sobre esse impasse, que se arrastou durante todo ano, que quero falar.É bem possível que a maioria queira de fato as duas coisas. Diversão e sossego; música e silêncio na hora certa; uso dos espaços da cidade, mas com o devido respeito. Mas, como se costuma dizer, o problema do remédio é a dose. O exagero dos dois lados, neste caso, é o veneno. A medida do bom senso é encontrar o ponto de equilíbrio e anular os radicais. A coisa só piora quando o governo entra de sola na história, fazendo uma operação que aparentemente foi mais contundente que o necessário. O governador Rodrigo Rollemberg, num ato de bom senso, mandou suspender as ações para reavaliar de forma correta como garantir a ordem e o respeito à lei sem podar as manifestações artísticas e prejudicar o importante comércio de bares e restaurantes.
Não vai ser fácil. Em discussão na Câmara Legislativa, o projeto que altera os limites de decibéis previstos já rendeu audiências públicas e manifestos. O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) recebeu mais de 2 mil reclamações, a esmagadora maioria sobre o barulho. Agefis, administrações regionais e delegacias também são constantemente abordadas com queixas em relação à Lei do Silêncio. Ou seja, há um incômodo real de parte da população que não pode ser ignorado. Mas existe também o desejo de ter uma vida noturna vigorosa, que movimente a economia e garanta opções de diversão à população. De um jeito ou de outro, Brasília terá de encontrar seu meio-termo, uma medida justa. Pode até desagradar aqui e ali, o que não pode é contemplar apenas o interesse particular de um ou de outro.