Jornal Correio Braziliense

Cidades

Voluntários dão aula de fotografia e agroecologia para moradores de rua

Na segunda reportagem da série que conta a história de pessoas que se dedicam ao voluntariado, mostramos como um grupo de profissionais se uniu para ensinar um ofício a quem mora nas ruas

;É uma oportunidade de aprender uma nova profissão. Eu me sinto agora visto. Nas ruas, somos invisíveis para a sociedade.; A conclusão é do estudante do ensino médio Raimundo dos Santos Nascimento, 51 anos. Ele, que viveu por 10 anos nas ruas do Distrito Federal, hoje tem a oportunidade de aprender dois ofícios: cultivo de hortas e técnicas de fotografia. Isso graças a um grupo de profissionais que se uniram para oferecer, a pessoas em situação de risco, oficinas com práticas artísticas, terapêuticas, educacionais e profissionalizantes. O Projeto Equinócios é o segundo a ser mostrado na série #PrazerEmAjudar ; reportagens do Correio sobre grupos ou pessoas que ajudam a construir uma Brasília melhor por meio do voluntariado.



Voluntariado
O Equinócios promove diversas atividades artísticas, sociais e ambientais voltadas exclusivamente para moradores de rua. O projeto é financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), porém muitos voluntários ajudam no andamento. As doações são essenciais para a continuidade da ação. ;As oficinas também são construídas a partir das demandas dos participantes. Queremos chamar a comunidade para fazer parte, seja levando uma semente, muda, seja colocando a mão na massa. O que vale é a troca de saberes, e construir esse vínculo. Diminuir o estigma em relação às pessoas que vivem em situação de rua;, explicou a coordenadora, Juliana Sangoi. ;Contribuir com o bem de alguém é um prazer para mim. Desde criança, tenho essa preocupação com o social. O Equinócios é mais um dos sonhos que se realizam. Isso me satisfaz.;

A publicitária Mayara Senise, 25, também faz parte da equipe de voluntários. ;Ao fazer bem aos outros, a gente acaba também se sentindo um ser humano melhor. Isso é além do que apenas fazer. É botar a mão na massa. O voluntário pode mover o mundo.;

Segundo dados da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, a cada ano, o número de moradores de rua no DF é de, aproximadamente, 2.500 pessoas, sendo que a grande maioria é de homens entre 20 e 44 anos. Para 2016, a intenção do grupo que comanda o Equinócios é estender as atividades com a introdução de oficinas com atividades como teatro, circo, musicalização e artes urbanas, assim como atividades terapêuticas. Todas previstas para serem realizadas no Centro POP.