Cidades

Crescimento urbano desordenado: rios do DF estão condenados à morte

Pelo menos dois mananciais, o Melchior e o Ponte Alta, receberam a pior classificação do Conama. Córregos também pedem socorro. O crescimento urbano desordenado é a principal causa do problema, que põe em alerta a qualidade do abastecimento

Flávia Maia
postado em 27/12/2015 08:10
No Rio Melchior, entre Samambaia e Ceilândia, uma espuma branca de poluição se forma por metros: sem perspectivas de recuperação

Os rios do Distrito Federal pedem ajuda. O alto grau de poluição das águas condenou praticamente dois mananciais à morte e pelo menos oito estão com a qualidade abaixo dos parâmetros exigidos. O Melchior e o Ponte Alta têm usos restritos e a recuperação de suas águas representaria um custo econômico elevado, o que os enquadra na pior classificação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) ; classe 4 ;, sem perspectivas futuras de recuperação. Córregos, como Sobradinho, São Bartolomeu e Descoberto, estão em sinal de alerta por conta da qualidade regular das águas e precisam de olhar atento para evitar que os danos ambientais tornem-se irreversíveis.

A grave situação hídrica local pode resultar em problemas de abastecimento e de qualidade da água que chega às torneiras dos domicílios brasilienses. Com consumo alto e disponibilidade hídrica por habitante baixa, a perda de água potável tornou-se um problema na capital do país. Especialistas alertam que medidas precisam ser tomadas para evitar o colapso ambiental, uma vez que o DF ainda conta com mananciais limpos e que podem ser contaminados. Além disso, no território distrital nascem afluentes de importantes bacias brasileiras ; como as do Rio São Francisco, do Rio Paraná e do Tocantins-Araguaia. Dessa forma, a preservação hídrica no DF é essencial para garantir o fornecimento em todo o país.

Embora Brasília tenha sido planejada, em 55 anos de existência, a capital foi, aos poucos, reproduzindo os modelos equivocados de urbanização de outras cidades brasileiras, como o descontrole na ocupação do solo, a grilagem e a falta de planejamento. O crescimento populacional, a uma taxa de aproximadamente 2,2% ao ano, quase duas vezes maior que a média nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstra a pressão habitacional que o DF ainda sofre.

A urbanização desregulada e o uso intenso dos recursos são as principais causas da queda de qualidade e de disponibilidade das águas. No Brasil, de acordo com estimativas da Agência Nacional de Águas (ANA), 48% da água urbana são considerados de padrão regular a péssimo. Na zona rural, esse índice cai para 9%. No DF, a Agência Reguladora de Águas (Adasa) monitora o índice de qualidade da água por trimestre. De uma maneira geral, 2015 começou com qualidade entre média e ruim. Com o início das chuvas, a marcação média prevaleceu no segundo trimestre. No terceiro, a área com água de boa qualidade cresceu, mas níveis médios e ruins continuaram a aparecer em certas regiões, como Samambaia, Taguatinga, Ceilândia e Sobradinho.

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