Cidades

Em 10 anos, os custos mensais com tratamento de esgoto no DF duplicaram

Localizado em área de nascentes, o DF, que não para de crescer de forma desordenada, tem sentido os efeitos no abastecimento

Flávia Maia
postado em 27/12/2015 08:10
Caminhões-pipa fazem captação irregular de água no Rio do Cortado, em Taguatinga. Após denúncia do Correio, a Adasa informou que vai multar proprietários sem licença

A mancha urbana do Distrito Federal cresce de maneira contínua. O movimento mais veloz de ocupação ocorreu entre 1989 e 2006 ; passou de 30.962 para 65.690 hectares. Porém, a dinâmica ambiental e de infraestrutura não acompanhou esse crescimento. Segundo levantamento da Secretaria de Meio Ambiente, das 41 unidades hidrográficas locais, 16 estão operando em capacidade máxima sanitária e de abastecimento. É o caso, por exemplo, dos rios Samambaia, Pipiripau, Ponte Alta e Melchior (veja quadro). Dessa forma, qualquer incremento de população pode causar danos irreversíveis aos recursos hídricos locais.

Com a mesma quantidade de água disponível para abastecer uma população que não para de crescer, os custos com tratamento sobem. Em 10 anos, o gasto mensal por milímetro cúbico com esgoto duplicou ; em 2005, a Caesb pagava R$ 0,61; em 2015, subiu para R$ 1,32. Por mês, as 15 Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) limpam mais de 10,7 milhões de m; de matéria orgânica. Só este ano, a Caesb gastou mais de R$ 170,4 milhões em tratamento- média de R$ 14,2 milhões mensais. ;A qualidade da água que chega às estações influencia diretamente no custo de tratamento;, explica Fábio Bakker, gerente de Gestão de Bacias de Mananciais da Caesb. Para ele, Brasília cresce além da capacidade de suporte dos rios. Atualmente, a Caesb tem eficiência de 80% a 95% no tratamento.

O Distrito Federal está localizado em uma área de nascentes. Estima-se que, das 20 mil existentes em toda a região de cerrado brasileiro, 5 mil estejam em território distrital. ;As vazões dos rios são pequenas, o que diminui a capacidade de diluir a poluição gerada;, explica Jorge Werneck, pesquisador da Embrapa e presidente do Comitê da Bacia do Paranoá. Dessa forma, o consumo excessivo do escasso recurso hídrico coloca em xeque a qualidade e a disponibilidade da água da capital do país ; regiões como Ribeirão São Marcos, Ribeirão do Torto e Ribeirão Extrema já estão com baixa quantidade de água disponível. Por isso, a urbanização não planejada é um problema que precisa ser combatido para não faltar água no futuro. ;Não é impedir a cidade de crescer. Não é um mapa de não pode, é um mapa de consciência;, defende Maria Silvia, subsecretária de Planejamento Ambiental e Monitoramento da Secretaria de Meio Ambiente.

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