Cidades

Fuga da Unidade de Internação de Santa Maria reflete série de problemas

Relatório do CNJ mostra que o local não tem condições apropriadas para receber adolescentes infratores. Polícia Militar encontrou 13 dos 20 que escaparam na última sexta-feira

postado em 27/12/2015 08:10
Internos reclamam que há poucas atividades de lazer e educativas

A fuga de 20 adolescentes da Unidade de Internação de Santa Maria (UISM), na última sexta-feira, expõe a fragilidade e a falta de segurança do local. De acordo com relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em conjunto com a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), a UISM não tem condições apropriadas para o cumprimento de medidas socioeducativas. Faltam, por exemplo, atividades de lazer e educacionais. Até o fechamento desta edição, a Polícia Militar havia encontrado 13 dos fugitivos.

Em alguns capítulos, o relatório da pesquisa Dos espaços aos direitos mostra como são a estrutura e a dinâmica da UISM. Os pesquisadores ouviram relatos de internas que se queixaram de desrespeito aos direitos delas. ;O regime de contenção das meninas pareceu o mais severo de todos os visitados no Brasil. Segundo o relato que fizeram, elas ficam trancadas durante todo o dia, saindo apenas para o ;banho de sol; e as atividades escolares, esportivas e de lazer;, descreve o documento.

Os resultados encontrados não diferem do relato de servidores da UISM. Uma funcionária que preferiu não se identificar disse que a unidade não oferece qualquer tipo de estrutura aos internos. ;A escola funciona duas vezes por semana, não tem oficina, não tem atendimento em saúde. Os adolescentes não têm tevê nem acesso a meios de comunicação;, diz.

Estrutura
A unidade tem capacidade para abrigar 100 detentos homens e 20 mulheres. Atualmente, tem 122 e 19, respectivamente. No momento da fuga, entre 22 e 24 servidores trabalhavam no local, dois deles na ala em que ocorreu o incidente. Segundo Cristiano Torres, presidente do Sindicato dos Servidores da Carreira Socioeducativa do DF (Sindsse/DF), sem efetivo para manter a segurança no local, é impossível promover atividades socioeducativas. ;A falta de pessoal é o principal problema. O ideal seria o dobro. Não tem como colocar todo mundo em risco. É inviável fazer uma oficina com 15 adolescentes e apenas um servidor. Isso atrapalha a ressocialização;, afirma. Cristiano ressalta ainda que a unidade, apesar de nova ; foi inaugurada ano passado ;, não tem concepção de segurança adequada. ;Os jovens conseguem arrancar as coisas da parede;, cita.

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