Cidades

Projeto para monitorar animais em tempo real no DF provoca controvérsia

Proposta em discussão na Câmara estabelece que lojas e clínicas instalem circuito com imagem e som, para que o cliente possa acompanhar tratamento de seus animais. O luxo, caso seja aprovado, será repassado ao custo dos serviços

Caroline Pompeu - Especial para o Correio
postado em 29/12/2015 06:00

Imagine um sistema de monitoramento, com câmeras de vídeo, para avaliação em tempo real dos cuidados realizados a seu; Animal de estimação. Projeto de autoria do líder do governo na Câmara Legislativa, Júlio César (PRB), obriga pet shops e clínicas veterinárias a instalarem uma espécie de babá eletrônica, com imagem e som, para que os donos dos cães e gatos possam acompanhar o banho, a tosa e os tratamentos dos bichinhos de qualquer lugar, do próprio celular, pela internet.

Leia mais notícias em Cidades

A medida, considerada controversa, provoca debates. Para quem cria um animal, o luxo pode até agradar, porque pode representar segurança. Mas a imposição legal pode pesar no bolso. Comerciantes afirmam que o custo extra será repassado ao consumidor. Camila Leite Alvarenga, que mantém uma loja de atendimento para animais em Sobradinho, avalia que será um gasto considerável. Ela, por exemplo, arcou com uma despesa de cerca de R$ 5 mil para instalar câmeras em seu pet shop. ;Vai favorecer maiores, mas prejudicar os de pequeno porte. Um sistema de monitoramento é caro. Seria mais um gasto e tornaria até mais difícil começar o negócio;, disse.

Na loja de Camila, há filmagens dos serviços, mas apenas a dona do estabelecimento e as sócias podem acessar as imagens, pelo celular, por meio de um aplicativo, o que acontece durante o banho e tosa, em tempo real. A loja conta com cinco câmeras de segurança e quem quiser ou desconfiar de alguma agressão pode pedir para verificar as cenas. ;Os clientes acham importante equiparmos com câmeras, mas consideram ainda mais importante que o local onde os cachorros são tosados e tomam banho seja de vidro, aberto para que todos vejam o que acontece;, explicou.

O veterinário Lucas Rios, dono de um pet shop no Cruzeiro Velho, e a sócia Leilane Zanganelli explicam que o sistema que mantêm na loja já agrada a maioria dos clientes. ;Nós disponibilizamos vidro para que o cliente veja o que acontece no banho e tosa. Ele pode ficar sentado esperando o animal ficar pronto. Além disso, temos duas câmeras dentro da loja e cedemos as imagens se a pessoa quiser. Para esse sistema que estão querendo implantar, terei de pagar por um servidor e o equipamento tem que ter disponibilidade para vários acessos simultâneos, o que vai ser muito caro;, disse Lucas. Com o gasto extra, ele avisa que teria de aumentar o preço dos serviços.

Dono de uma loja na Asa Norte, Leandro Rodrigues acredita que, além do custo elevado, será uma mão de obra desnecessária. ;A pessoa pode estar junto no banho e tosa e nós temos também o vídeo de tudo gravado, se o cliente quiser;, disse. O projeto deverá entrar em pauta da Câmara Legislativa no primeiro semestre de 2016.

Denúncias de maus-tratos
A professora Marcela Reis, 28 anos, dona do Sem Raça Definida Mister Darcy, 6 meses, acredita que a proposta seria interessante, principalmente, para clientes que levam seus cachorros pela primeira vez a um pet shop e ainda não conhecem o serviço. ;É importante acompanhar porque ocorrem muitos acidentes: o cachorrinho às vezes sai muito machucado, marcado, maltratado. Quando o dono já conhece o pet shop, confia.

A estudante Giovanna Lora, 19, dona de Seleta, 6 meses, concorda. ;Realmente tem que ter isso. Existem pet shops que maltratam os animais e eu fico preocupada. É essencial. Cachorro é como se fosse um filho;, acredita.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação