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Preso morre na Papuda e familiares denunciam falta de atendimento médico

Quission de Jesus Pereira passou mal durante o horário de visita. A viúva reclama que pediu socorro por diversas vezes, mas o homem não teve atendimento

postado em 29/12/2015 11:14

Quission de Jesus Pereira passou mal durante o horário de visita. A viúva reclama que pediu socorro por diversas vezes, mas o homem não teve atendimento

Um detento de 27 anos morreu nesta segunda-feira (28/12), no Complexo Penitenciário da Papuda. De acordo com informações de familiares, Quission de Jesus Pereira passou mal durante o horário de visita. A viúva denuncia que o homem não teve atendimento médico. ;Eu me desesperei pedindo por socorro e nada foi feito. Somente depois de três horas eles o encaminharam para a enfermaria, mas já era tarde. Ele morreu nos meus braços;, lembra Maysa Barbosa Rozio, 26 anos, esposa do falecido.

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Quission estava preso há cinco meses no Centro de Detenção Provisório (CDT). Ele aguardava julgamento por um assalto a ônibus cometido em julho deste ano. Segundo a mulher, ele começou a apresentar problemas de saúde após a prisão. ;Ele relatava de dores constantes na cabeça. A visão dele também foi prejudicada. Já não enxergava direito. Essa foi a segunda vez que ele passou mal durante uma visita;, conta a viúva.

A mulher foi a primeira a entrar na unidade penitenciária. ;Quando ele me viu relatou que estava com dores muito fortes. Cinco minutos depois ele começou a ter convulsões. Pedi ajuda aos agentes, mas foram os colegas de cela que o socorreram;. Depois disso, Quission teve uma melhora, mas os ataques permaneceram. Segundo Maysa, o homem chegou a ser recolhido para uma carceragem e sofreu uma forte crise. ;Os presos que estavam com ele gritavam e eu me desesperei pedindo por socorro. Só depois disso que o encaminharam para a enfermaria;. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas quando os socorristas chegaram a vítima já estava morta.

Busca por cuidados

Familiares entraram em contato com a Associação de Familiares de interno do sistema (AFISP) para pedir um atendimento ao interno. De acordo com a presidente Alessandra Paiva Silva, um ofício foi encaminhado para a direção do Sistema Penitenciário (Sesipe-DF). ;Pedimos que ele fosse socorrido a uma unidade de saúde, mas não tivemos o pedido atendido e nem sequer tivemos uma resposta após a morte;, explicou.

O advogado do detento, Karlos Eduardo Mares, também entrou em contato com a Sesipe. ;A família já tinha sinalizado que ele vinha passando mal. Há menos de um mês, fiz uma visita a unidade e conversei com os médicos que disseram que iam encaminhar ele para um hospital para fazer exames. Ou seja, tinham consciência que o estado de saúde dele não era satisfatório;.

Diante da morte, a família pretende entrar com uma ação contra o Governo do Distrito Federal. ;Vamos entrar com reparação de danos morais e materiais em vista da conduta do Estado, em virtude que estavam cientes da situação e não tomaram nenhuma medica para ele ser conduzido a uma unidade de saúde;, detalhou Mares.

Sesipe
Em nota, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) disse que "houve tentantiva de reanimação do detento por 20 minutos", mas ele não resisitiu. Confira a íntegra.

A Subsecretaria do Sistema Penitenciário ; Sesipe informa que o interno Quission de Jesus Pereira, 28 anos, faleceu nesta segunda-feira (28/12) no Centro de Detenção Provisória (CDP).

O detento foi socorrido pela equipe de saúde do presídio às 12h10 no pátio onde estava com familiares. Houve tentativa de reanimação por 20 minutos. O Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) chegou em seguida à Unidade Prisional com uma equipe avançada de saúde para prestar atendimento. Foi solicitado também apoio aéreo.

Ressaltamos que a equipe de saúde do Estabelecimento Prisional é constituída por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentistas, psicólogos e assistentes sociais, que oferece assistência médica e social aos custodiados, utilizando-se os hospitais públicos e postos de saúde apenas nos casos excepcionais.

Esclarecemos que todo interno que vem a óbito, independente da causa, é instaurado processo apuratório, a fim de identificar as prováveis causas do falecimento.

Subsecretaria do Sistema Penitenciário
Gabinete do Subsecretário

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