Ana Maria Campos, Leonardo Meireles
postado em 03/01/2016 08:05
Difícil arrancar uma resposta direta do vice-governador do DF, Renato Santana (PSD). Bom de papo, mesmo com pouco tempo na política ; candidatou-se pela primeira vez exatamente nas eleições de 2014 ;, ele sabe até que ponto pode falar para não comprar brigas. Fruto de uma infância e uma adolescência vendendo verduras e confecções na Feira de Brazlândia. Filho de pai agricultor e mãe servidora pública, o morador de Ceilândia diz que não quer perder tempo com brigas partidárias.
Santana desvia até quando perguntado em que político ele se espelha. ;Jesus Cristo. Ele é o maior político que já existiu;, responde, sem medo de deixar de lado mestres da carreira dele, como Rogério Rosso e Joaquim Roriz.
O discurso de Renato Santana sempre vai na direção do trabalho e da austeridade. Aponta para o celular, com a característica sobrancelha arqueada e desenhada, e diz: ;Este é o meu gabinete. Resolvo todos os assuntos de governo daqui;. E mostra, orgulhoso, as conversas que tem com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) pelo aplicativo WhatsApp. ;Participo de mais de 300 grupos. Converso e dou ordens, recebo notícias das obras, os administradores me dão retorno. Não tem burocracia, não precisa marcar reunião;, conta.
Para ele, 2016 vai ser um ano muito melhor por causa das medidas austeras tomadas pelo chefe durante o ano passado. Para ele, o governador conseguiu segurar uma crise maior na cidade porque pagou os servidores em dia. Aliás, ao falar de Rollemberg, mistura sentimentos de admiração e intimidade. Mesmo que não responda abertamente se é a favor ou contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, elogia o colega socialista pela posição contrária tomada no embate. ;É um posicionamento do governador. Ele foi muito cauteloso e lúcido quando disse que tem campo apropriado para apurar aquilo que se coloca sob dúvida;. A opinião de Renato? ;Quem sou eu, na confusão do dia a dia, para falar que sou a favor ou contra, só por um achismo meu?;.
Incomoda o senhor a proximidade do governador Rodrigo Rollemberg com Dilma Rousseff, mesmo diante da alta rejeição da presidente?
Essa relação do Governo de Brasília com o governo federal sempre foi carregada de um tempero a mais. O governador Roriz inaugurou essa relação quando tinha que se remeter à União com o pires na mão para dizer: ;olha, acabou o recurso e ainda preciso pagar isso, isso e isso;. O governador Rollemberg tem mantido uma relação extremamente republicana.
Na sua visão, então, essa relação é necessária? Não teria como ser diferente?
Imagina o governador Rollemberg se trancar em um casulo num ano como esse, em que a previsão trazida pelos técnicos do governo em fevereiro era de que não conseguiríamos pagar salário em setembro. Vejam o caso do governo do Rio Grande do Sul, que em seis meses de mandato já fazia financiamento de salário. No GDF, num universo de 160 mil servidores, isso seria o caos. Não dá para se fechar. Pelo contrário.
Mais do que a relação institucional, Rollemberg se coloca contrário ao impeachment...
É um posicionamento do governador. Ele foi muito cauteloso e lúcido quando disse que tem campo apropriado para apurar aquilo que se coloca sob dúvida. Temos todas as esferas constituídas dos poderes para apurar cada coisa no seu campo. Não sou eu que vou chegar e determinar se é isso ou aquilo.
Qual a sua convicção sobre o tema?
Tenho as minhas convicções de secretário-geral do PSD, de militante político, que não podem, no meu caso, enquanto vice-governador, superar as questões de funcionamento da cidade. Por exemplo, os recursos investidos no Pôr-do-Sol, no Sol Nascente, no Porto Rico, no Buritizinho, no túnel de Taguatinga, em Vicente Pires, estão em curso e são verbas de parcerias
com o governo federal.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.