São três horas da manhã de quinta-feira, 10 de dezembro. Um grupo de amigos está reunido em um apartamento do 5; andar do Bloco I, na 316 Norte. Eles bebem vinho. O barulho seco de um impacto chama a atenção dos companheiros do médico Tiago Rodrigues, 26 anos. O rapaz, que há pouco conversava na sala, acabara de cair da varanda, de uma altura de 20m. Desespero generalizado. Mas o fim da história não se resume em tragédia. Desde então, ele se recupera no Lago Norte de fraturas no fêmur, na bacia e no braço esquerdo. Tiago não foi o único a escapar da morte em 2015, diante de circunstâncias fatais. Gente que viveu um verdadeiro maktub, vocábulo árabe que significa ;estava escrito; ou ;tinha que acontecer;. O Correio reuniu casos que, de tão inesperados, parecem mais enredos criados pela mente humana. Entretanto, não são ficção.
Em casa, Tiago se locomove com ajuda de uma cadeira de rodas e pouco se recorda da sequência de fatos do incidente. A música em volume baixo deixa o ambiente propício para reflexão. Ele diz que os primeiros passos após o tombo devem ocorrer em março. A recuperação, segundo a equipe médica, está sendo rápida. ;Acredito que tentei sentar no parapeito e me desequilibrei;, sugere o jovem, que hoje carrega consigo uma placa de titânio na perna esquerda e 14 parafusos. ;Não havíamos bebido muito;, garante.
O Hospital de Base (HBDF), referência em tratamento de traumas no centro-oeste, é o primeiro endereço a receber Tiago. O diagnóstico não pode ser feito em sua totalidade, uma vez que na data não havia aparelhos de tomografia funcionando. O advogado Felipe Rodrigues, 25, não consegue saber o real estado de saúde do irmão. Com a ajuda de amigos, a transferência para uma unidade particular é feita em minutos. Após exames, ocorre a cirurgia.
Os pais de Tiago, a advogada Neyde Moreira, 53, e o psicólogo José Augusto Alencar Moreira, 73, só são avisados do episódio no início da manhã. ;Eu contei que o tombo havia sido do segundo andar. Meu pai até brincou: ;Que bom. Do terceiro em diante, não teria jeito;. Quando o encontraram, já estava falando;, detalha Felipe. A verdade fora contada primeiro ao pai dos rapazes. Depois, a matriarca descobriu ao ler um documento do hospital. ;Era como se eu estivesse morrendo outra vez;, brinca Tiago. ;Estou resistindo bem às dores. O acidente foi bom porque consertou o meu nariz, que era torto. Pedi para o médico não fazer a cirurgia nele;, diz, entre risos.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.