Cidades

Consumidores brasilienses, preparem-se: tudo ficará mais caro em 2016

Especialistas recomendam planejamento para pagar as contas em um cenário de inflação alta, aumento de impostos e dívidas acumuladas

postado em 04/01/2016 06:10

Não foi fácil fechar as contas de 2015 e janeiro já começa com a caixa de correspondência lotada. As dívidas acumuladas no Natal e as despesas de início de ano, como colégio dos filhos e material escolar, começam a chegar. Além das cobranças habituais e a inflação que chega aos 10%, o consumidor brasiliense pode preparar o bolso para gastar ainda mais em 2016. Especialistas em finanças alertam: para conseguir pagar em dia os impostos que virão mais caros este ano, é bom se planejar. O IPVA e o IPTU, por exemplo, sofreram reajustes significativos e estão até 15% mais caros.



Até a TV por assinatura está mais cara: o IMCS do serviço subiu de 10% para 15%. O material escolar, segundo previsão da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae), deve encarecer 10%. As matrículas em instituições particulares também tiveram um salto: a Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep) estima um reajuste médio de 11%. Em algumas escolas, o acréscimo foi superior e chegou a 20%.

A população tem de ficar alerta para não perder os benefícios. O prazo para indicar os créditos do programa Nota Legal começa hoje e vai até o fim de janeiro. Eles podem dar desconto no IPVA e no IPTU, que começam a ser pagos em março e junho, respectivamente. Além de informar o CPF nas compras de produtos, para resgatar o benefício, é necessário se cadastrar no site do programa (www.notalegal.df.gov.br) ; quem já tem registro deve manter os dados atualizados. Quase 1 milhão de consumidores estão cadastrados no sistema.

Para não perder ainda mais dinheiro, atenção redobrada a possíveis trotes. Ontem, nas redes sociais, um consumidor denunciou o recebimento de um boleto de IPVA falso em sua casa. Segundo o depoimento, isso aconteceu com várias pessoas e todos os dados de cobrança estão corretos, apesar de o parcelamento do tributo não ter começado. O economista Felipe Chad soube do trote e recomenda que as pessoas procurem o site oficial do governo para conferir se o boleto real é o mesmo que chegou na caixa postal.

Aperto no cinto

Segundo Chad, não será fácil manter as contas em dia em 2016. ;A população tem muitos compromissos, que vão desde a escola dos filhos até o seguro do carro. A dica que damos é apertar o cinto o máximo que der. Apesar de o salário mínimo ter aumentado, os impostos todos estão mais caros;, diz. A recomendação é cortar gastos supérfluos. ;As pessoas terão que abrir mão de algum privilégio. Deixar de frequentar restaurante, pensar em colocar os filhos numa escola mais barata;, acredita. Negociar preços é outra dica: ;Imposto, não tem como pechinchar. Então, tentar consumir produtos por preços mais baixos é sempre válido;, indica.

A dona de casa Si Macedo, 53 anos, queixa-se dos aumentos. ;Começo o ano sem saber se vou conseguir pagar tudo. E o pior é que não temos essa opção. Se atrasar, começam a cobrar juros e só piora. É uma bola de neve;, descreve. Ela reclama que não vê o imposto revertido em melhorias à população. ;A educação pública não é boa e a saúde está péssima. Sem falar na insegurança de sair na rua. É uma pena pagarmos tanto e não vermos para onde vai esse dinheiro;, critica.

Na casa da família Macedo, uma despesa aumenta a dor de cabeça neste ano. Apesar de todos estarem empolgados com a festa, a filha de Si, Viviane, vai casar e expõe a preocupação com suas finanças pessoais. Ela é professora e se esforça para realizar a tão sonhada cerimônia. ;Planejamos com base nos preços de 2015, mas tudo está ficando mais caro. Não é fácil se programar com os valores tão suscetíveis a mudanças;, revela.

O casal Tarcísia Mendes, 46, dona de casa, e José Nelson Fornaleski, 44, motorista, não esconde o temor com o ano que está pela frente. ;A nossa expectativa é de que a situação melhore, mas está difícil. Só querem saber de aumentar impostos;, reclama Tarcísia. Fornaleski afirma que nem nos horários de folga se livra dos reajustes. ;Até a cachaça aumentou. Não sobra nada para a gente;, reclama.
A auxiliar de serviços gerais Sandra de Cássia, 41, prefere não se planejar e ir levando a situação mês a mês. ;Nem me planejo para não perder o sono. Está tudo muito caro;, diz. Ela confirma o que o especialista em economia disse. ;O salário aumenta, mas todo o resto também aumenta. Não muda nada. O reajuste do mínimo não compensou;, diz.


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