Cidades

Brasilienses vendem moleskines para financiar campanhas em prol de mulheres

O grupo "Eu vejo flores em você" intermedeia o envio de cartas: a equipe recebe o texto do remetente, o datilografa, anexa uma ilustração e coloca nos correios

Gabriela Vinhal
postado em 07/01/2016 18:43

O grupo

A fim de melhorar a autoestima feminina e o fomento de redes de apoio entre mulheres, um grupo de brasilienses vendem moleskines para financiar campanhas feministas de um projeto. ;Eu vejo flores em você; consiste no recebimento e envio gratuito de cartas feitas de mulheres para outras mulheres - mães, filhas, avós, amigas e namoradas. Além de ajudar nas novas ações da equipe, o valor arrecadado com os caderninhos será atribuido à finalização da produção de um livro para Gisele Santos, gaúcha que teve as mãos amputadas por seu companheiro. A compra é efetuada virtualmente, na página oficial do Facebook, por R$ 50.

Criada em novembro de 2014, a organização conta com 50 voluntárias por todo o país, entre elas ilustradoras, datilógrafas e coordenadoras. De acordo com a cientista política Daniela Duarte, de 22 anos, idealizadora do ;Eu vejo flores em você;, as cartas servem para fortificar os laços que existem entre as remetentes e destinatárias. ;Sempre recebemos mensagens dizendo que as cartas provocaram fortes emoções e, então, viraram quadros ou foram coladas nas portas dos guarda-roupas;, conta ela.

Daniela deu início ao projeto após enviar uma ilustração para uma amiga ;que estava passando por momentos difíceis;. Ela juntou a imagem a uma carta que foi datilografada em sua máquina de escrever e, a partir daí, veio a ideia: ;Ela teve uma reação tão positiva, ficou tão emocionada e agradecida, que eu resolvi dar continuidade ao trabalho;.

Com cinco organizadoras - duas delas em Brasília -, o ;Eu vejo flores em você; intermedeia o envio de cartas. Qualquer pessoa pode enviá-las, basta fornecer às meninas o endereço do remetente, que elas mesmas colocam nos correios. ;A gente se mantém com doações. O material e os selos são bancados por uma intituição;, explica Daniela.

O projeto realizou duas campanhas, uma em abril e outra em agosto de 2015: Cartas para Cristiane e Flores em Gisele, respectivamente. A primeira foi feita para Cristiane Damacena, jornalista, que foi vítima de ataques de cunho racista no próprio Facebook. A equipe abriu um canal para o recebimento de mensagens positivas, tanto de mulheres quanto homens, destinadas a ela. Após juntar todos os recados, confeccionaram um livro de capa dura, que foi entregue à Cristiane.

Flores em Gisele foi realizada como forma de apoio à Gisele Santos, jovem que foi agredida pelo companheiro, o que resultou na amputação das mãos e pés dela. Os membros foram reimplantados e ela precisou de próteses para substituir as mãos. A equipe do projeto novamente se mobilizou para receber mensagens de suporte e transformá-las em um livro, que ainda está em processo de produção. Também auxiliou na divulgação do financiamento coletivo, criado pela família da vítima, como forma de angariar fundos para arcar com as despesas médicas.

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