Cidades

O preço da gasolina pode subir novamente no DF

Sindicato e principal rede de combustíveis do Distrito Federal dizem que é impossível operar com preços 20% mais baixos e não descartam outro reajuste para os clientes nos próximos dias. Manifestação contra os preços abusivos continua hoje

postado em 23/01/2016 08:10


Em meio à investigação sobre o suposto cartel e de um boicote da população aos postos de combustíveis, é possível que o preço da gasolina aumente. A previsão é do Sindicato do Comércio Varejista de Combustível e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF) e da rede Cascol, a maior do setor e alvo da Operação Dubai, deflagrada em novembro pela Polícia Federal, que apura crimes envolvendo os donos dos estabelecimentos. Ontem, o brasiliense respondeu ao grupo que pediu, pela internet, que não se abastecesse os carros ; segundo os organizadores, pelo menos 34 mil pessoas declararam não ter ido a postos.

O presidente do Sindicombustíveis, Fernando Ramos, informou que a Petrobras anunciou um reajuste de R$ 0,05 (de R$ 2,35 para R$ 2,40) no valor cobrado pela Petrobras pelo litro da gasolina há dois dias e, por isso, possivelmente haveria ;uma pequena mudança; nos preços. Ele informou não saber como evitar que o prejuízo chegasse ao consumidor. ;Nosso lucro é pequeno, fizemos uma tabela para provar isso e divulgamos amplamente. Aí vem a Petrobras e aumenta tudo outra vez. O que você acha que vai ser feito?;, indagou.
Segundo representantes da Cascol, a única saída dos donos dos postos de gasolina, caso os preços da estatal venham majorados, é o repasse. ;Nem sempre dá para segurar os preços. E há outras taxas. Uma coisa que ninguém pensa, mas que vai impactar no preço do combustível, é a renovação da licença ambiental dos postos, paga para o Ibram, sempre com valor de R$ 700. No fim do ano, o valor pula para R$ 35 mil. E isso é um custo, claro, em qualquer lugar do mundo;, declararam os assessores da empresa.

A Petrobras afirmou que não houve aumento por parte da empresa. Segundo a assessoria de imprensa, a última grande alta vigente, de 6%, ocorreu em 30 de setembro do ano passado. ;Adicionalmente, outros fatores podem impactar o preço ao consumidor, tais como o preço do etanol produzido pelas usinas e adicionado à gasolina, a alíquota de ICMS definida pelos respectivos estados, os impostos federais (Cide e Pis/Cofins) e a margem de comercialização da distribuidora;, explicou, em nota.

Contrários à estimativa do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), cuja previsão era de que a gasolina abaixasse 20%, advogados e assessores da Cascol informaram ;não haver chance de operar nesses valores;. Segundo eles, ;o posto tem uma margem de 17% e, com esse dinheiro, paga funcionários, aluguel e tributos. O lucro não é como as pessoas imaginam. Você não pega 17% e coloca tudo no bolso;, explicou a equipe. De acordo com a Polícia Federal, a Cascol, que é a maior empresa investigada pela Operação Dubai, tem um lucro diário de até R$ 800 mil. Em novembro, quando foi deflagrada a ação, veio à tona a notícia de que a gasolina era sobretaxada em 20% para os consumidores.

Boicote

A partir de hoje, os 34 mil usuários do Facebook ; que confirmaram o boicote ontem ; combinaram que a manifestação segue hoje contra os postos Cascol e à bandeira BR. Para a criadora do evento na internet, Alexandra Vasconcelos, ;eles foram os que mais meteram a mão no bolso do consumidor. Pedimos aos nossos colaboradores que, de maneira nenhuma, deem ainda mais dinheiro a quem faz parte desse cartel;, explicou a professora, de 36 anos.


No posto BR da 103 Norte, a gerente Patrícia dos Santos, 38, estava ciente da manifestação de boicote aos postos de combustíveis, mas, segundo ela, o movimento de ontem diminuiu durante a manhã por causa da forte chuva que atingiu a região. À tarde, os clientes teriam voltado a abastecer com normalidade. ;Eu não sei se essa medida vai adiantar, porque nós somos uma parte fraca, assim como o consumidor. Não inventamos esse preço. Estamos repassando os valores da distribuidora;.

O estudante Gilberto Barbosa, 35, apoiou o movimento. Para ele um dia não seria o suficiente para pressionar os postos a reduzir as tarifas, mas seria um bom começo. ;Esse aumento é injusto, e todo o movimento que possa gerar benefício à população é muito importante. Precisamos aderir à causa;, afirmou. Ainda assim, ele colocou R$ 20 no tanque do carro. ;Infelizmente, estava na reserva. Mas acho que fiz minha parte;.

Para a administradora Alice Carvalho, 35, o movimento deve continuar. Ela disse que, por ter apenas um carro para toda a família, seria complicado ajudar o boicote, ontem. Entretanto, ela pretende verificar o grupo do manifesto para se atualizar. ;A cada dia da semana, surge um aumento novo e pega a gente de surpresa. Acho que um mês de paralisação já resolveria alguma coisa, mas como? Sem gasolina, a gente não anda, né?; completou.

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