Ana Dubeux, Ana Maria Campos
postado em 24/01/2016 07:40
Ator e diretor, o secretário de Cultura, Guilherme Reis, 61 anos, interpreta agora um papel para lá de difícil. Com poucos recursos e diante da grave crise que atinge o Distrito Federal, ele é cobrado por artistas e por quem deseja aproveitar a cena cultural de Brasília. O Teatro Nacional e outros locais de diversão sucateados e fechados, torneiras de apoio a escolas de samba fechadas, monumentos sem restauração há anos são alguns dos capítulos desse roteiro.
No meio de um turbilhão de reivindicações, chega o carnaval e um debate sobre a Lei do Silêncio. Representantes de quadras e da comunidade gritam contra o som alto de eventos, shows de música e de bares e até mesmo da tradicionalíssima festa do rei Momo.
Reis diz que o carnaval é do folião. Não há regras, mas os blocos precisam cumprir o compromisso que acertaram com as administrações regionais quanto a trajetos e horários. Em entrevista ao Correio, o secretário revela que o governo estuda mudanças na Lei do Silêncio, dentro de um amplo debate, e garante a entrega de espaços culturais reformados até o fim do ano.
Quanto a verbas para as escolas de samba, Guilherme Reis propõe que busquem recursos da Lei de Incentivo à Cultura, com a apresentação de projetos a serem avaliados, para que, no próximo ano, garantam dinheiro. ;É um paternalismo de Estado e uma acomodação de quem está acostumado com emenda parlamentar e com dinheiro do governo;, diz. Mas está disposto a colaborar. ;Estou programando para março chamá-los para um seminário sobre captação de recursos;.
Como será o carnaval neste ano em Brasília?
Vai ser lindo. Eu me lembro da manchete do Correio Braziliense do ano passado, na quarta-feira de cinzas, que dizia ;um carnaval para não esquecer;. Acho que vai ser mais um carnaval inesquecível, onde a população vai para a rua, onde a comunidade está se organizando e está se resolvendo cada vez mais, onde a dependência de governo em termos de verba pública deixa ser excessiva.
Em 2015, com corte de recursos, aparentemente foi o carnaval mais animado dos últimos tempos. Acha que é uma coisa mais espontânea?
Acho que sim.Isso reflete uma série de projetos, de ações, de ocupação de espaços públicos, não só no carnaval, mas de uma cidade que está muito viva na área cultural. A gente está vivendo hoje essa crise, por causa da Lei do Silêncio, com muita gente falando, muita discórdia, que eu acho que não corresponde a uma realidade da cidade. Se a gente pensar nos projetos de ocupação dos espaços, as praças de gastronomia, moda, música; A cidade está viva!
Mas como é que se compatibiliza essa vida na cidade, a vontade de uma grande parcela da população de curtir a cidade, com uma lei que reprime, que manda fazer silêncio às 22h?
Desde que eu e o André Lima (secretário do Meio Ambiente) e outras pessoas entramos no governo, sabíamos que tínhamos que mexer na lei. Fizemos a tentativa de iniciar essa discussão e começamos no ano passado, envolvendo a comunidade, a linha acadêmica, a Abrasel, os músicos e, infelizmente, a gente ainda não conseguiu tocar para frente.
Tem uma proposta de um novo projeto que vai para a Câmara Legislativa?
É. Se eu falo isso aqui, já entra em pânico uma parcela dos moradores que acha que não pode mexer em nada. Não! Isso eu posso afirmar: depois de estudar muito sobre leis do silêncio no mundo inteiro, afirmo que há formas de fazer. Tenho um calhamaço de ideias sobre as quais já me debrucei. Há uma margem enorme de modernização da Lei do Silêncio. Isso não significa que vamos simplesmente aumentar o som embaixo da janela das pessoas, mas vamos avançar.
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